QUEM ME DIRÁ ONDE ESTÁ? Um estudo da produção jornalística sobre pessoas desaparecidas no Brasil.
Direitos humanos; desaparecimento; pessoas desaparecidas; acesso à informação; cobertura jornalística.
Embora o desaparecimento de pessoas seja um grave problema social, com uma média de 80 mil registros anuais, o tema ocupa um espaço restrito na mídia brasileira. Este estudo aborda a cobertura jornalística sobre pessoas desaparecidas no Brasil durante a década de 2010. A pesquisa incluiu revisão bibliográfica, levantamento de dados, análise de conteúdo e categorização da produção jornalística de quatro veículos de comunicação nacionais – Folha de S. Paulo, G1, UOL e Veja. Foram criadas categorias relacionadas à abordagem, causa, tipo, fonte e local. A partir de um corpus de 206 reportagens, observou-se que a abordagem predominante é de caráter informativo, com matérias que fornecem as informações básicas sobre os casos e eventos. Constatou-se também que a imprensa investiga pouco e não está alerta às ações do Poder Público ou da sociedade civil, especialmente no que diz respeito ao sofrimento e às necessidades dos familiares de pessoas desaparecidas, o que vulnera os direitos humanos. Os eventos de maior visibilidade relacionados à temática, durante o período analisado, são de natureza diversa. Entre eles, destacam-se um desastre socioambiental – a tragédia de Brumadinho –, um evento político – a instalação, os trabalhos e a apresentação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) – e o Caso Amarildo, ocorrido no Rio de Janeiro, com ampla repercussão na mídia. Os desafios associados ao desaparecimento de pessoas e os profundos impactos causados sobre familiares, amigos, comunidades e o país como um todo evidenciam a urgência de desenvolver, no Brasil, um núcleo especializado de repórteres e editores dedicado à temática. Com o objetivo de contribuir na cobertura jornalística sobre o tema, são apresentadas dicas. A comunicação desempenha um papel crucial na busca por respostas coletivas às perguntas que atormentam aqueles que têm o direito de saber o paradeiro de seus entes queridos que estão desaparecidos.