A tese investiga como a Educação em Direitos Humanos (EDH) se manifesta no contexto
do ensino superior privado do Distrito Federal. Foi elaborado um histórico do ensino
superior privado no Brasil, com o propósito de compreender sua trajetória, crescimento e
consolidação no cenário educacional brasileiro, evidenciando sua representatividade e a
lógica de mercado que tem orientado a expansão e o funcionamento das instituições
particulares. Paralelamente, apresenta-se um estudo sobre os marcos normativos da
EDH, desde sua formulação nos documentos internacionais e nacionais até sua
incorporação nas políticas públicas brasileiras, destacando o papel da EDH como eixo
transversal de formação e sua importância para a consolidação da democracia e da
cidadania. O texto também aborda as práticas emancipatórias que buscam promover
uma formação comprometida com a dignidade humana, a justiça social e a transformação
das relações sociais, estabelecendo o contraponto entre as dimensões normativa e
emancipatória dos direitos humanos, tendo como referência os autores da teoria crítica
dos direitos humanos. O universo da pesquisa abrangeu 96 Instituições de Ensino
Superior (IES) privadas em atividade no Distrito Federal. A amostra final foi composta por
21 IES que dispunham de dados públicos referentes a seus Planos de Desenvolvimento
Institucional (PDI), Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) e matrizes curriculares,
totalizando 159 documentos analisados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter
exploratório e descritivo, fundamentada na análise de conteúdo documental. O processo
analítico foi estruturado em três temas e quinze categorias de análise, que permitiram
examinar as concepções de direitos humanos, a forma de implementação da EDH e as
ações educativas presentes nos documentos institucionais. Os resultados demonstram
que, embora a maioria das instituições reconheça formalmente a importância da EDH e
a mencione em seus documentos oficiais, essa presença se dá, em grande parte, sob
uma lógica normativa e instrumental, voltada ao cumprimento de exigências legais e à
adequação a parâmetros regulatórios. Observou-se, no entanto, a existência de um
potencial emancipatório em algumas propostas pedagógicas, principalmente naquelas
que integram a ética, a diversidade, a inclusão e a formação cidadã como dimensões
essenciais da aprendizagem. Essas experiências evidenciam que, mesmo em um
ambiente permeado por interesses de mercado, há espaço para práticas formativas
transformadoras, capazes de fomentar a reflexão crítica e a participação social. Concluise
que o desafio central consiste em converter o discurso normativo em uma prática
formativa viva, efetiva e significativa, que promova a consciência crítica, o engajamento
cidadão e o compromisso ético com a dignidade humana.