Método para análise de interpretações de teorias físicas em um contexto de subdeterminação formal e experimental
Subdeterminação de Interpretações de Teorias Físicas, Mecânica Quântica, Interpretações da Mecânica Quântica
Nos primórdios de seu desenvolvimento histórico, a Mecânica Quântica contou com a elaboração, em seu plano interpretativo, de três princípios fundadores: o princípio de dualidade, o princípio de indeterminação e o princípio de complementariedade, que formam a base epistemológica da Interpretação de Copenhagen, mas também estão no fundamento epistemológico de inúmeras outras interpretações da teoria. Desde a conferência Solvay, em 1927, inúmeras outras interpretações surgiram, assumindo alguns desses princípios e, eventualmente, incluindo outros. Todas essas interpretações se baseiam no mesmo corpus de resultados experimentais e, grosso modo, formalismo, mas divergem de modo muitas vezes espetacular na construção do “mundo quântico” que lhes subjaz. Trata-se de uma situação tipicamente reveladora da subdeterminação da interpretação de teorias (físicas) pelo aparato experimental e formal subjacente. Este trabalho visa abordar essa questão propondo uma metodologia de análise dessas interpretações no sentido de estabelecer uma base semântica de comparação entre elas, tornando possível uma hierarquização das mesmas segundo critérios claros e específicos. O trabalho visa teorias físicas subdeterminadas em geral, mas apresentaremos um estudo de caso especificamente voltado para a Mecânica Quântica, que representa, atualmente, o melhor exemplo de teoria subdeterminada quanto à interpretação. Subsidiariamente, esse trabalho pretende desvelar alguns dos elementos que permitiram à Mecânica Quântica, em particular, apresentar um número tão alto de interpretações rivais, e geralmente contraditórias, para um mesmo formalismo e um mesmo conjunto de resultados experimentais, indicando meios de se evitar, ao menos em parte, essa situação.