CONCEITOS PARA QUÊ? DA CRÍTICA DE JERRY FODOR À ABORDAGEM NEOEMPIRISTA DE JESSE PRINZ
conceitos; representações mentais; proxytypes; intencionalidade; empirismo.
Durante décadas, tanto a filosofia como a ciência cognitiva se debateram sobre a natureza dos conceitos. Um princípio central tem sido a noção de que a posse conceitual precede sua individuação, o que sugere que teríamos a habilidade de possuir conceitos mesmo antes de havermos distinguido suas propriedades únicas, a partir da avaliação e da satisfação de certas condições epistêmicas de posse. Jerry Fodor, no entanto, formulou fortes críticas contra esta visão pragmática que dá primazia a um conjunto de capacidades e habilidades epistêmicas ante o pensamento. Fodor argumenta que tal abordagem é limitada e não leva em conta a riqueza e a complexidade das representações mentais, ao mesmo tempo que mina o poder explicativo das teorias cognitivas por não compreender que possuir um conceito é exclusivamente ter a possibilidade de pensar sobre aquilo que cai em sua extensão. Os capítulos que seguem exploram este debate, destacando a crítica de Fodor à postura tradicional, sua defesa de uma teoria representacional da mente que realize as devidas separações entre semântica, psicologia e epistemologia, e como o neoempirismo de Jesse Prinz, construído a partir de recentes avanços das ciências cognitivas, oferece uma solução potencial para aporias no pensamento de Fodor. Prinz, com sua teoria sobre proxytypes, busca preencher lacunas do racionalismo fodoriano defendendo um empirismo renovado, onde encontros iniciais com o mundo, mediados por experiências sensoriais, estabelecem as bases para a formação de conceitos que são, antes de tudo, orientados à ação. Ao examinar a crítica de Fodor e a solução proposta por Prinz, este trabalho pretende lançar luz sobre alguns pontos obscuros na compreensão de como e por qual motivo adquirimos e utilizamos conceitos.