AS RAÍZES FILOSÓFICAS DA EPÍSTOLA 7 DE SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho. Epístola 7. Porfírio. Plotino. Cícero. Estoicismo. Aristóteles. Platão.
Neste estudo, procuramos pelas principais fontes filosóficas que inspiram santo Agostinho (354-430) na sua Epístola 7. Redigida entre os anos de 388 e 391, ela pertence ao mesmo período intelectual que encontramos, por exemplo, em A música (387-391), O mestre (389) e A verdadeira religião (390/391). A Epístola 7 se destaca, no vasto corpus agostiniano, como um dos textos mais relevantes para o estudo do tema da memória, estudo que alcançará seu desenvolvimento mais completo no livro X das Confissões (397-401) e nos últimos livros de A Trindade (399-419). Questão das mais fundamentais do pensamento agostiniano, a memória implica muitas outras, como constatamos na Epístola 7. Entre algumas, encontramos: a reminiscência e a preexistência da alma, o tempo e a eternidade, a sensação e a iluminação divina e, principalmente, a imaginação (phantasia/imaginatio). No que tange às fontes, à medida que tais temas são apresentados na Epístola 7, procuramos encontrar, entender e comprovar suas influências filosóficas. Apenas a título de exemplo, Platão (427-347) está nominalmente presente na Epístola 7; Aristóteles (384-322) pode ser visto tanto em Nebrídio, o autor perspicaz das questões que suscitam a Epístola 7, quanto em Agostinho; os estoicos (do séc. III a.C. ao II d.C.), geralmente via Cícero (106-43), também aparecem na base de algumas distinções conceituais; e Plotino (205-270) e Porfírio (c. 232-305) são os nomes mais destacados entre as fontes filosóficas de Agostinho. Assim, se é significativo o trabalho com as fontes para melhor entendermos as questões expostas na Epístola 7, também é significativo, talvez até mais, percebermos o modo como Agostinho as retoma, porque, não raro, vale ressaltarmos, desde a Epístola 7, ele delas se serve com grande originalidade.