Teoria da Organicidade - Uma Cosmopolítica Espectrológica das Consciências
Consciência, Organismo, Vida, Antivida, Rede
A teoria da organicidade é uma cosmopolítica porque parte de uma ontologia das consciências cujo caráter fundamental é o modo de relação visceral destas e situa a ação política humana no interior desta ontologia. A consciência é tomada nas suas duas formas possíveis de expressão: como vida e antivida. Enquanto ela se manifesta como vida, seus processos são regidos pela organicidade, isto é, o tipo de relação em que todo e partes são inseparáveis, interdependentes e ainda assim autônomos; em cujas dinâmicas a função das partes é indispensável e insubstituível para o todo, o cuidado é fonte das interações, nenhuma das partes é descartável e todas confluem para a continuidade da forma de vida em que atuam. A esta manifestação da consciência chamo organismo. Entretanto, no caso da antivida, a consciência se revela em oposição à organicidade, seu propósito sendo o fenecimento da vida na interrupção do equilíbrio mereológico que a constitui. Seus traços essenciais são o consumo da vida para sua própria existência, a mortificação dela por diversos modos de transformação e incorporação, a quebra da ligação inexorável entre todo e partes, a perversão do lugar próprio da vida e da morte. Desta ontologia a teoria da organicidade deriva as formas de vida e antivida presentes no planeta e as relações políticas possíveis entre elas utilizando-se sobretudo do conceito de rede ecossistêmica para o caso humano, em que se reconhece serem partes desse organismo seres de várias ontologias, tempos, lugares e materialidades, onde o conceito de espectros ganha relevância para abranger formas de organismos imateriais.