Simulação linguística: possibilidades e limites da concepção de um modelo lógico-matemático da habilidade linguística humana.
Sintaxe formal universal. Semântica formal híbrida. Modelos. Linguagem natural. Habilidade linguística. Simulação linguística
As teorias semânticas formais possuem recursos e métodos matemáticos que possibilitam uma precisa integração entre os aparatos sintáticos e os aparatos semânticos das linguagens formais dos sistemas de lógica. Essa precisão suscita a seguinte questão que norteia a presente dissertação: Quais são as possibilidades e as limitações do desenvolvimento e aplicação de uma teoria semântica formal voltada a concepção de uma simulação linguística (um modelo teórico que capture matematicamente o funcionamento da habilidade linguística humana)? Antes de qualquer resposta, o ponto a ser destacado é que o cumprimento de tal propósito depende de uma definição formal da noção de verdade, pois, na teoria semântica em questão, o conceito de verdade é um núcleo a partir do qual outras noções semânticas são definidas, tal como a de consequência lógica. Diante de tal dependência, o problema emergente é o de que as linguagens naturais são sintaticamente não matematizáveis e semanticamente fechadas, de modo que a manutenção dessas características em uma simulação linguística inviabilizaria uma definição formalmente correta do conceito de verdade. Sob essa perspectiva, então, a resposta à pergunta supra é a de que a aplicação de uma teoria semântica formal não viabilizaria a concepção de uma simulação linguística. Contudo, nesse cenário pessimista, ao limitar o escopo do projeto, a simulação tornou-se possível ao ter como suporte a formalização de um fragmento linguístico declarativo sintaticamente matematizável que preserva a abertura semântica. Assim, a problemática enunciada foi satisfatoriamente afastada, de maneira que ficaram precisamente demarcadas as possibilidades e os limites da simulação linguística pretendida. Nesse passo, foi possível, por meio de um simulador linguístico, construído a partir de uma teoria semântica formal híbrida, conceber uma simulação linguística SL. Cumprida a tarefa designada, à título de conclusão, foram articuladas considerações no sentido de que SL não cumpre a função de, sob um ponto de vista lógico-matemático, emular (explicitar e explicar) todo o intricado complexo de propriedades que envolvem o funcionamento da habilidade linguística humana. Contudo, apesar de suas limitações, SL logra êxito em certa medida, uma vez que, com profundidade conceitual matematizada, emula determinadas propriedades sintáticas, semânticas, pragmáticas e temporais, bem como é resultante de uma semântica formal híbrida que pode ser continuamente aprimorada e expandida e, então, ser aplicada para conceber simulações que incluam cada vez mais propriedades inerentes ao funcionamento da habilidade linguística.