A constituição da autonomia como fundamento para a democracia e para a revolução, segundo Cornelius Castoriadis
autonomia; heteronomia; imaginário social; democracia direta; criação; psique.
A tese em questão investiga a possibilidade e a importância da ideia autonomia como pilar fundamental para o surgimento de uma verdadeira emancipação social. O percurso investigativo principia brevemente pela trajetória de Castoriadis no grupo Socialisme ou Barbarie, e, em seguida, aborda a crítica do filósofo a Marx, na qual é apresentado como o racionalismo e o determinismo histórico marxiano são lidos como manifestações de uma “lógica conjuntista-identitária”, que obstrui o reconhecimento da criação social-histórica. Também será exposta a crítica de Castoriadis à burocracia soviética, a qual ele entende como um capitalismo burocrático total, constituindo assim uma nova sociedade de classes, distanciando-se do que deveria ser o socialismo. Após o debate com Marx e tendo sido explicitada a natureza da burocracia, inicia-se uma fase propositiva da filosofia de Castoriadis, onde é apresentada sua ontologia, a qual está centrada na noção de sociedade como autoinstituição a partir de um magma de significações imaginárias. A tese elucida como a indeterminação do ser enquanto Caos e a potência criadora da psique, onde se constitui o imaginário radical, fundamentam a possibilidade de superar a heteronomia. Conclui-se que a autonomia, enquanto projeto, materializa-se na práxis de uma democracia direta, entendida não como um conjunto de procedimentos, mas como o regime da autointerrogação e da autolimitação lúcida. O trabalho sustenta, por fim, que a obra de Castoriadis oferece um arcabouço indispensável para pensar uma política emancipatória, frente à apatia política e a desilusão da modernidade, ao fundar a revolução na capacidade trágica, indomável e infinita de criação do ser humano. Palavras-chave: autonomia; heteronomia; imaginário social; democracia direta; criação; psique.