QUANDO FILO E SOFIA SE ENCONTRARAM: O PLATONISMO JUDAICO DE LEÃO HEBREU (JUDÁ ABRAVANEL) NOS DIÁLOGOS DE AMOR
Leão Hebreu, Diálogos de Amor, Escolástica judaica, Metafísica
A presente pesquisa na vida e obra de Judá Abravanel, conhecido como Leão Hebreu, objetiva encontrar as características filosóficas e credais que, juntas, formam o platonismo judaico do famoso filho de Isaac Abravanel. Esta procura tem um locus específico, as páginas que formam os Diálogos de Amor, construído em três capítulos dialogais. De idêntica forma, o cerne desta tese está esboçado em três divisões: Capítulo Primeiro, onde está apresentada a formação pessoal, moral e intelectual de Judá Abravanel, ainda vivendo em Sefarad sob as influências do escolasticismo judaico e à sombra de seu pai e Rabi. Também são consideradas as condições de dor e perda da família Abravanel nos repetidos galut sofridos, de Lisboa a Castela, depois Nápoles e Gênova, principalmente, e o reflexo disto no método de escrita da obra em suas várias camadas de sentido: literal (histórico), alegórico (mitológico), moral (teológico). Capítulo Segundo, onde são apresentadas as influências gregas mais marcantes do pensamento de Leão Hebreu, notadamente Platão, Aristóteles e Plotino, e de que modo essa tríade estruturou a obra de nosso autor. Capítulo Terceiro, detido na obra em si, indica os elementos textuais, exotéricos e esotéricos, onde se percebe o platonismo judaico que notabilizou Leão Hebreu como destacado filósofo renascentista. O esforço de investigação empreendido conduz o leitor a considerar que na obra de Judá Abravanel se encontra o registro de sua sólida formação escolástica judaica, advinda dos filósofos árabes que liam os gregos, confirmando que Leão Hebreu é mais devedor de sua formação na Península Ibérica do que da influência recebida no ambiente renascentista italiano onde foi abrigado após a expulsão de Sefarad. Na Itália ele fez uso do método dialogal, escrita de amor cortês, envolvida pelos mitos gregos cosmogônicos, interpretados à luz da tradição dos sábios judeus cabalistas, de modo que sua escrita exotérica, para o leitor contemporâneo, também comunicava de forma esotérica saberes multimilenares em sua tradição judaica. Estas ênfases formam o platonismo judaico de Leão Hebreu e lançam luz sobre os Diálogos de Amor ocorridos quando Filo e Sofia se encontraram.