A Corpoética Interartística de Linn da Quebrada: uma filosofia visceral
Linn da Quebrada, Arte e Vida, Interartística, Subjetividade, Filosofia
A seguinte pesquisa tem o objetivo de analisar o pensamento filosófico que a artista negra e travesti Linn da Quebrada desenvolve por meio de sua corporeidade e poética interartística. Investigando a reelaboração da subjetividade e de questões identitárias, como forma de resistência política. Observa-se que com sua expressão artística e corporeidade, Linn da Quebrada produz reflexões e sensibilidades, ao questionar a generificação dos indivíduos, a heteronormatividade, a construção identitária, a racialidade, a linguagem e os processos de abjeção. Identifica-se que suas dores e seus afetos expressos pela sua corporeidade e por seu discurso sejam o fio condutor que impulsiona sua obra, produzindo uma arte visceral. Verificou-se que suas reflexões e movimento artístico criam formas de resistência e reelaboram a subjetividade. Investigam-se, assim, suas letras de músicas, danças, performances, diálogos, colagens digitais e o documentário Bixa Travesty (2018), roteirizado por Linn da Quebrada e dirigido por Claudia Priscilla e Kiko Goifman, que apresenta a vida e o processo artístico de Linn da Quebrada. Analisam-se a corporeidade da artista, seu discurso, sua poética interartística e os saberes presentes em seu processo de criação e em suas obras. Nessa pesquisa, observa-se que a corporeidade da artista se torna a protagonista na interação constante entre arte-vida, performance, teatro, dança, poesia e a música. Identificaram-se nuances expressivas na corporeidade de Linn da Quebrada, que foram nomeadas nessa tese de corpo situado, que reverbera sua trajetória e experiências de vida; corpo erótico, que seduz o espectador e a artista; corpo político, que propõe uma mudança na visão de mundo dos indivíduos e corpo cinestésico, cuja pele é um importante canal de contato com o outro. Desta forma, percebe-se a presença de uma corporeidade plena, atravessada pelos afetos da artista, que condensa sentimentos e vivências de uma parcela da sociedade, que transgride diretrizes heteronormativas. Além disso, Linn da Quebrada, no palco e na tela, constrói uma relação íntima com o público por meio da expressão direta e crua de sua trajetória de vida. A intercessão entre arte, vida e corpo é nomeada, nesta pesquisa, de Corpoética. O termo corpoética trata do protagonismo do corpo na expressão artística, cujo movimento é motivado e inspirado em vivências, inclusive ancestrais, que são ressignificadas e produzem transformações e saberes na artista e no espectador. Em sua corpoética, inscrevem-se reflexões, que se manifestam em seu movimento: gestos, danças e em sua voz. Desta forma, propõe-se essa análise, que situa a corpoética como uma possibilidade epistemológica, como um eixo central que produz reflexões e conhecimento.