INDIVIDUAÇÃO E INFORMAÇÃO À LUZ DA FILOSOFIA DE GILBERT SIMONDON
individuação; informação; indivíduo; relação
Esse trabalho consiste numa leitura e interpretação da obra do filósofo Gilbert Simondon e visa
investigar as possíveis relações entre as noções de indivíduo e informação, bem como explicitar os
pressupostos e implicações dessas relações, a fim de conhecer o indivíduo pela individuação e não o
contrário. Esse conhecimento através da individuação exige um método de transdução analógica
que é mais do que uma inferência lógica, ainda que não prescinda dessas inferências. Enquanto
inferência, causalidade e relação proposicional, o conhecimento analógico pode ser entendido como
o ato de identificar, reconhecer, assemelhar e apreender a realidade naquilo que nela há de estável.
Porém, para Simondon a verdadeira analogia é aquela na qual o indivíduo é sempre mais que
unidade e identidade. Na verdadeira analogia, a relação é mais do que um nexo entre identidades
capaz de revelar o ser. A relação em si tem valor de ser e os nexos entre identidades são fases dessa
relação. Logo, conhecer a individuação de modo realmente analógico e transdutivo exige uma
individuação do conhecimento como relação, mais do que estabelecer semelhanças entre indivíduos
reconhecidos previamente em sua unidade e identidade. No mesmo sentido, Simondon entende que
não há unidade e identidade de informação. Então, como é possível conhecer algo que excede todo
sentido de unidade e que não pode, em última instância, ser identificado? Tal conhecimento não
seria equivalente a tornar todo ser individuado algo destinado a se dissipar na incongruência,
disparidade, instabilidade, indiscernibilidade e contradição? Seguindo o método de transdução
analógica, a interpretação exposta nesta dissertação é a seguinte: é no conhecimento da força de
individuação da informação que Simondon encontrará correlações entre as noções de indivíduo e de
informação.Oconhecimentodaontogênesedoindivíduoemsuadimensãoessencialmente
informacional pode nos livrar de promessas, convicções e expectativas de pureza na unidade e na
identidade; promessas, convicções e expectativas que obliteram em nós a natureza pré-individual e
ilimitada de todo ser enquanto indivíduo, uma natureza que nos informa e nos lança em uma
individuação perpetuada.