A digressão acerca do conhecimento na Carta Sétima Platônica e sua relação com os Diálogos
Epistemologia platônica, Carta Sétima, Digressão, Escrita, Diálogos.
Na digressão da Carta VII (341 c-d, 344 d-e) Platão faz uma descrição do método filosófico e do limite dos discursos, sejam escritos ou falados, para se comunicar o conhecimento dos seres. A digressão se reporta à produção, por parte de Dionísio, jovem tirano de Siracusa, de um tratado pretensioso sobre a filosofia de Platão, visando suas ‘doutrinas’. Platão nos faz então repensar o sentido de filosofia na digressão enquanto um corajoso e difícil esforço de constante busca do conhecimento verdadeiro e do viver melhor, criticando o escrito do tirano, preso a falsas noções, ao escrever como se já soubesse tudo sobre os princípios supremos da realidade. Platão narra como buscou aliar a política verdadeira à filosofia, na tentativa de estabilizar o poder com um discurso estável, e as dificuldades que teve em conseguir tal empreitada na interação com o tirano. Essa digressão, um aparente desvio de curso, revela uma harmonia com o texto como um todo: uma crítica da pretensão de saber da escrita do tirano desenvolve-se numa consideração acerca da linguagem e dos elementos necessários para o conhecimento dos seres em geral. A tese passa em revista a literatura à respeito da carta, sua autenticidade e recepção, para então desdobrar comparativamente as profundas relações possíveis da digressão sobre o conhecimento com os diálogos autenticos.