OS ORÁCULOS DE HYSTASPES: FILOSOFIA DA HISTÓRIA E RESISTÊNCIA CULTURAL NOS DISCURSOS APOCALÍPTICOS HELENÍSTICO-ROMANOS
Oráculos de Hystaspes; filosofia da história; resistência cultural; discursos apocalípticos; letramentos apocalípticos.
A filosofia da história dos Oráculos de Hystaspes, textos perdidos que apenas nos chegaram em fragmentos, é reconstruída a partir de um conjunto de mitos influentes na antiguidade: o mito das monarquias mundiais, dos metais e das idades do mundo. Essa abordagem está fundamentada no testemunho de Lactâncio em De Vita Beata, o sétimo livro das Instituições Divinas, a melhor fonte para o estudo dos Oráculos de Hystaspes. Por meio de Lactâncio sabemos que profecias atribuídas a Hystaspes, o rei patrono de Zoroastro, previam a queda de Roma, o retorno do poder para a Ásia e a intervenção divina na história para punir os ímpios e salvar os justos. Há, ainda, outras fontes essenciais para este estudo: Justino Mártir na Primeira Apologia, Clemente de Alexandria em Stromata, Lydus em De Mensibus e a Teosofia de Tübingen, comumente atribuída a Aristócrito. A filosofia da história e resistência cultural nos discursos apocalípticos helenístico-romanos que podemos acessar por meio do estudo desse material são abordadas na sincronia e na diacronia. Num primeiro momento, na sincronia, é desenvolvida uma reflexão sobre história universal e concepções metahistóricas dos complexos míticos, principalmente relacionando-os ao programa de resistência a Roma por Mitrídates VI Eupator. Num segundo momento, na diacronia, dá-se ênfase a Lactâncio, buscando descobrir e compreender seus contextos linguísticos e roteiros ocultos a partir do seu testemunho de uma versão dos Oráculos de Hystaspes. O conceito de letramento apocalíptico também é aproveitado em ambos os momentos, porque permite lidar com questões acerca das possibilidades na produção e recepção dos conteúdos dos oráculos perdidos.