A PARRHESIA DE JULIAN ASSANGE
Parrhesia, Libertas, Ação comunitária estoica, Liberdade, Direito de saber.
O presente trabalho se divide em três partes. Na primeira, analisamos a parrhesia estoica sob o olhar foucaultiano. Nossa análise é primordialmente enfocada nas obras do último Foucault, produzidas nos derradeiros cinco últimos anos de sua vida, entre 1980 e 1984, à qual trazemos a contribuição de trechos das obras dos filósofos estoicos Epicteto e Sêneca. Preliminarmente, partimos do conceito de parrhesia deixado por Foucault, que, para além de ser a fala da verdade com requisitos específicos, é sempre por ele enfocada como instrumento do cuidado de si e dos outros, e dele extraímos os três tipos de parrhesia analisados por Foucault, a parrhesia política, a parrhesia filosófica e a parrhesia político-filosófica. Na segunda parte, focamos na parrhesia como uma forma de exercer a ação comunitária ou sócio-política estoica, priorizando o bem maior do todo, e a trazemos para a contemporaneidade, encontrando na figura de Julian Assange o maior representante vivo da parrhesia que, pela natureza mesma do conceito, ao realizar o bem comum para todas e todos ao denunciar e mostrar a verdade sobre ações corruptas, crimes de guerra e crimes contra a humanidade de vários governos e empresas, se tornou o alvo de poderosa perseguição, campanha de difamação e tentativa, infelizmente bem-sucedida, de torná-lo um pária internacional. Na parte final, avaliamos o caráter filosófico da parrhesia em Assange, nos concentrando sobretudo na dicotomia entre total privacidade do indivíduo e total transparência do Estado, tal como preconizado pelos cypherpunks.