Remontagens urbanas: experimentações histórico-cartográficas sobre a vila e a Cidade Estrutural.
metodologia da história; história urbana; história de Brasília; escrita da história; montagem.
A presente tese, pensada como um espaço de experimentação histórico-cartográfico, foi desenvolvida através da articulação entre três eixos: [1] escrita da história, [2] montagem e [3] vila e Cidade Estrutural. Toda a coleta e análise de fontes primárias tiveram como foco a vila – uma pequena ocupação de catadoras que se desenvolveu próxima ao Lixão do Jóquei e cujos começos remontam a década de 1960 –, e a Cidade Estrutural – núcleo urbano do Distrito Federal cujos começos, por sua vez, localizam-se no final de 1994, com o início da ocupação da área onde hoje se encontra a Cidade do Automóvel. A proximidade entre as duas ocupações, bem como a sobreposição de seus territórios a partir de uma ação empreendida pelo governo de Cristovam Buarque, em 1996, fomentaram a construção e perpetuação de uma narrativa histórica que une, de forma inequívoca, o passado da pequena vila ao presente da Cidade Estrutural. Esta tese busca investigar, portanto, a historicidade dessas localidades e propor, a partir de um diálogo com variados tipos de fontes, modos múltiplos de dar a ver processos históricos e acontecimentos que tornaram possível, na dinâmica espacial do Distrito Federal, a emergência da Cidade Estrutural como território cognoscível. A busca por multiplicar os modos de dar a ver essas histórias constituiu-se a partir de um intenso trabalho de experimentação historiográfica; trabalho este que mobilizou variadas formas de escrita como a transcriação, a fotografia, a poesia e a cartografia deleuzo-guattariana. Aliada à questão da escrita está a montagem, compreendida aqui, como escreveu Georges DidiHuberman (2018), tanto como ensaio – no sentido da experimentação –, quanto como forma – no sentido do corpo específico a partir do qual a pesquisa se inscreve e se torna visível ao público. Por fim, esta tese se alia ao que Félix Guattari (2011) definiu como paradigma estético de implicações ético-políticas; estético no sentido de criatividade, de criação, e ético-políticas pelo compromisso que o processo criativo estabelece com a riqueza do possível e com a produção de multiplicidades.