Bordando a história urbana de São Luís do Maranhão nos séculos XIX e XX.
Arquitetura; Arte; Cidade; História; São Luís/MA
A presente dissertação trans[borda] saudade e ancestralidade e, por isso, não deixa de ser uma homenagem de Laíse para Luísa (prosopopeia de São Luís do Maranhão). João do Vale diz que “todo mundo canta sua terra”, então eu resolvi escrever sobre a minha. Uma arquiteta-artista, exercitando cada vez mais seu lado arquiteta-historiadora que propõe o “bordar a história urbana” de São Luís do Maranhão, especificamente nos séculos XIX e XX, como uma ferramenta de leitura citadina experimental que se circunscreve em um movimento pendular entre a “escrevivência” (termo cunhado por Conceição Evaristo que enlaça escrita e vivência) e uma dimensão conceitual-metodológica que denominamos de hipertextual, na medida em que o texto historiográfico está diretamente vinculado e equiparado a outro bloco de informações: o visual. Um plasmar temporal em que a espacialidade e a materialidade ludovicense, para além da traça colonial, são sistematizadas enquanto representação grafada e cartografada. Neste caso, apesar de repousar nas convenções técnico-normativas acadêmicas exigidas no âmbito do mestrado, a produção textual em questão busca uma construção dinâmica, permeável e não-linear, partindo da aglutinação e incorporação da visualidade, do gestual, da vivência, da afetividade, do imaginário e da sensorialidade na historiografia. Costuras entre arquitetura, arte, cidade e história engendradas em articulações visuais e bibliográficas. Mais que uma alusão à inventividade técnica e pujança simbólica do bordado presente nos objetos e indumentárias das manifestações culturais locais, bem como em outras referências conceituais e artísticas internacionais, o bordar se apresenta, aqui, como um vetor conceitual (enquanto linguagem gráfica e recurso visual cartográfico - texturização, linearidade, pontilhado, tracejado etc.) e metodológico (enquanto princípio de estruturação dissertativa e historiográfica). Uma forma de possibilitar ao viajante-leitor imprevisíveis travessias e múltiplas associações/acessos entre imagem e texto sob percursos “movediços” que acolhem “contaminações” e diálogos entre três campos disciplinares, a saber: arquitetura e urbanismo (morfologia; teoria; história e crítica urbana); artes visuais (poética contemporânea) e historiografia (história cultural e mentalidades). Uma aproximação fronteiriça entre arte e ciência que faz trans[bordar] a compartimentação e estanqueidade dos campos de conhecimento, vislumbrando delinear uma possibilidade interpretativa transdisciplinar em que experiência e a fruição são restabelecidas enquanto cerne das discussões do objeto cidade, para além do arquiteto.