OS PROCESSOS ECOLÓGICOS DE SUPORTE NO PLANEJAMENTO E PROJETO DA INFRAESTRUTURA VERDE REGIONAL: Estudos dos fluxos de carbono na paisagem
Paisagem; Planejamento regional; Infraestrutura verde; Serviços Ecossistêmicos; Carbono; Sensoriamento remoto.
Serviços ecossistêmicos compreendem todos os benefícios e bens providos pela natureza para o suporte das atividades humanas por meio da provisão de recursos e regulação do ambiente, propiciando bem-estar sociocultural. Nas cidades, sua ausência pode ser associada a secas, alterações do clima, inundações e desmoronamentos, reflexos de um ordenamento territorial dissociado da natureza. São serviços ancorados na integridade ecossistêmica decorrente do encadeamento entre os processos ecológicos de suporte: produção primária, o ciclo de nutrientes e a formação dos solos. Tais processos possuem, na presença da vegetação e no fluxo de carbono na paisagem, sua melhor expressão e demandam conhecimentos de como planejar, projetar e monitorar o acesso aos serviços ecossistêmicos. Esse entendimento demanda que o planejamento do território considere e disponha de meios para mensurar suas presenças e subsidiar decisões sobre o uso e ocupação do solo. Para tanto, o presente trabalho propõe diretrizes para a estruturação de uma rede de infraestruturas verdes multiescalar e multifuncional, para o território do Distrito Federal (DF), visando à integridade dos processos ecológicos de suporte, e, por decorrência, dos serviços ecossistêmicos tidos como finais (regulação, provisão e cultura). Como método de identificação das áreas potencialmente estruturadoras para essa rede, foram aplicados na paisagem do DF os índices espectrais CO2flux (relacionado aos fluxos de carbono e à eficácia fotossintética da vegetação) e o Topographic Wetness Index (TWI), (que expressa a tendência de acúmulo e fluxo de água pela topografia). Do cruzamento desses índices resultaram diferentes demandas por recuperação ecológica, cujas áreas com integridade ecológica subsidiaram análises em Ecologia da Paisagem. Com o uso do Geodesign, as informações geradas, junto a outras camadas de informação oriundas de bases de dados oficiais, integraram um workshop de especialistas, que em co-design definiu os contornos gerais de uma rede de infraestruturas verdes regionais para o território distrital. Após análise dos resultados do workshop, foi proposto um mosaico de tipos biofísicos, composto por hotspots, corredores ecológicos e manchas de suporte ecológico, conformando um corredor da Bacia Hidrográfica do São Bartolomeu. A proposição de estratégias de preservação, adaptabilidade e transformabilidade foi feita com base nos estudos de Ecologia da Paisagem levando em conta a espacialização e o cálculo aproximado de áreas que devem receber tais ações. Essa etapa ainda levou ao dimensionamento de arvores e carbono estocado em biomassa arbórea com estimativa de créditos de carbono. O estudo evidenciou não só que o aprofundamento dos processos biofísicos suporta os serviços ecossistêmicos, como também possibilita a concepção de redes de infraestrutura verdes a partir da escala regional, por meio da compreensão do grau de implantação dos processos ecológicos de suporte no território.