Ser-na-Arquitetura: a arquitetura convívico-existenciária de Peter Zumthor
Arquitetura; Peter Zumthor; Existencialismo; Heidegger.
Reconhecendo a arquitetura como um tipo de mediador da existência humana, temos a arquitetura como fenômeno transformador do mundo humano e de tudo aquilo que o constitui. Com o intuito de compreender os espaços arquitetônicos a partir da dimensão ontológica do existir, este trabalho é fundamentado, principalmente, nas teorias de Martin Heidegger, pautando-se no enlaçamento entre nossa experiência de ser e o espaço que nos cerca. Tendo como base uma abordagem existencialista, o objetivo deste trabalho é proporcionar um horizonte de sentido no qual a arquitetura seja discutida para além de um edifício puramente funcional e, também, para além de um objeto visual ou estilístico. Para esse fim, defenderemos a arquitetura enquanto obra capaz de dialogar essencialmente com o homem e com o mundo circundante, isto é, abordaremos a arquitetura enquanto espacialidade existenciária. A partir da experiência de ser em conjuntura com as coisas na perspectiva de mundo habitado, pretende-se fazer uma analogia entre o ser-no-mundo de Heidegger e o ser-na-arquitetura, parafraseada, neste trabalho, para indicar o humano face à sua existenciariedade na arquitetura. O homem, imbricado à arquitetura como parte co-constituinte de seu espaço existenciário, deixa de ser tomado como mero espectador e assume seu posto de conviva. O termo “conviva” explicita a possibilidade de troca fundamental entre existência humana e espacialidade arquitetônica. Em melhores palavras, há uma vinculação dialética e transformadora entre o ser humano enquanto conviva e seu espaço arquitetônico convívico. Buscando discutir o horizonte de sentido aberto pela totalidade da obra arquitetônica e partindo do pensamento de que o conviva assimila, conscientemente ou não, e dialoga com o espaço à sua volta, abordaremos o fazer arquitetônico e algumas obras construídas do arquiteto suíço Peter Zumthor. Assim, a partir da filosofia existencialista heideggeriana e do fazer arquitetônico de Peter Zumthor, pretende-se apontar a relação dialética entre conviva e obra arquitetônica, onde a totalidade compositiva da obra possibilita uma abertura de diálogo junto ao conviva: uma arquitetura convívico-existenciária.