São Paulo e Istambul: desvendando a dinâmica da segregação por meio do papel dos grupos transespaciais na moldagem da estrutura urbana
Space Syntax, Transpatial Social Groups, Societal Dynamics, Urban Segregation.
A segregação urbana, um desafio multifacetado que imprime sua marca em cidades ao redor do mundo, diacronicamente, envolve a separação espacial de indivíduos e grupos sociais com base em vários elementos. Esta divisão resulta em disparidades significativas no acesso a recursos e a oportunidades, criando um impacto duradouro que transcende gerações. A dinâmica de segregação social e espacial, intensificada pela competição e pelo conflito, agrava ainda mais as desigualdades nos ambientes urbanos, solidificando a sua permanência. O presente estudo, amparado nessas premissas, investiga a questão da segregação urbana a partir de uma perspectiva multidimensional, com o objetivo de contribuir para a discussão de seus padrões, causas e consequências. Ao explorar indicadores sociais e configuracionais, a investigação procura fornecer uma compreensão que possa orientar gestores e planejadores urbanos no sentido de promover a inclusão e reduzir as disparidades em assentamentos humanos. Pretende-se desvendar os mecanismos que reforçam as divisões sociais e espaciais, contribuindo para o debate sobre estratégias para a integração socioespacial. Alinhado com os princípios da teoria do conflito social, a tese concede especial ênfase à dinâmica do poder, à competição e ao conflito como fatores críticos que contribuem para a distribuição desigual de recursos urbanos essenciais e para a segregação socioespacial. Além disso, assume-se o impacto abrangente da globalização nos conflitos entre grupos sociais, reconhecendo que muitas vezes transcendem as fronteiras nacionais, criando agrupamentos sociais globais. O objetivo principal da investigação é elucidar como os grupos sociais transespaciais globais influenciam as interações sociais e a intrincada dinâmica dos ambientes urbanos. Simultaneamente, propõe-se o escrutínio da distribuição espacial destes grupos e o exame de suas repercussões no fenômeno da segregação. Para tanto, a pesquisa adota uma abordagem quantitativa, com foco em duas estruturas urbanas do sul global, as regiões metropolitanas de São Paulo e Istambul. A investigação empírica parte de processos de coleta, sistematização e pré-processamento de dados, integrando fontes estatísticas, configuracionais e geográficas/cartográficas. A criação da base envolve a seleção de características guiada por correlações e mapas de segregação, gerados adotando a análise de árvore, segundo procedimentos de treinamento e teste, com parâmetros ajustados para precisão. Dentro da abordagem selecionada, a Sintaxe Espacial é particularmente relevante como uma ferramenta poderosa para a compreensão da distribuição espacial dos elementos urbanos, de modo a interpretar como as configurações das redes viárias contribuem para o quadro de segregação urbana. A estratégia, combinada com a análise de árvore e procedimentos estatísticos, visa desvendar as intrincadas relações entre as características espaciais e a dinâmica social.