Para socegar os vassalos”: sociabilidade e perspectivas de ordem para religiosos da capitania de São Paulo (primeira metade do séc. XVIII)
Capitania régia de São Paulo. Clero regular. Colonização. Administração. Justiça
A pesquisa parte do princípio de que a correspondência com os governadores expõe tanto as estratégias dos religiosos para garantir proteção, graças, esmolas e autoridade, quanto os valores compartilhados em torno de justiça e hierarquia, mostrando que tais relações eram marcadas por interesses, conflitos e expectativas mutáveis e complexas. A presente dissertação analisa as relações entre religiosos do clero regular e os governadores da capitania régia de São Paulo na primeira metade do século XVIII. Tem-se como foco as dinâmicas sociais e de poder inseridas nas correspondências remetidas aos governadores, disponíveis no Arquivo Público do Estado de São Paulo. A hipótese do trabalho foi que a oposição entre “ordem” e “desordem”, expressa de variadas formas na documentação enviada pelos freis revela aspectos sociais e lógicas de justiça que configuravam a realidade colonial da capitania no período destacado. O trabalho, primeiramente, contextualizou a capitania régia de São Paulo e o papel da religião e do clero regular naquela, para depois analisar de casos em que religiosos se colocavam como denunciantes de violências, abusos, conflitos, e injustiças de caráter variado. Por fim, o trabalho examinou situações em que os próprios religiosos eram os acusados de cometerem as tais “desordens” e “desassossegos”. O estudo explora a complexidade das relações entre os frades dos conventos, entre eles e os poderes políticos, e as redes de sociabilidade baseadas em hierarquias coloniais.