Guerra Fria religiosa: a Operação Pedro Pan na relação Estados Unidos-Cuba
Operação Pedro Pan; Guerra Fria; Igreja Católica; anticomunismo; Revolução Cubana
Esta tese busca compreender o papel assumido pela Operação Pedro Pan no conflito político e religioso entre Estados Unidos e Cuba na Guerra Fria. Esse episódio dramático da história cubana pós-revolução de 1959 foi marcado pela saída, para a maioria deles definitiva, de aproximadamente 14.000 jovens desacompanhados da ilha para a Flórida, com o auxílio do governo dos Estados Unidos, da Igreja Católica e de uma rede de opositores aos revolucionários. Inicialmente, a tônica é entender como o imaginário anticomunista religioso foi determinante para o surgimento e desenvolvimento da operação, a fim de que, posteriormente, seja analisada sua configuração como parte importante da guerra encoberta de Washington contra Havana e contra o comunismo internacional. Nesse sentido, pretende-se ainda evidenciar a operação como componente de um projeto maior da luta global da Igreja Católica contra os movimentos de esquerda na década de sessenta. Em seguida, o foco é deslocado para a importância que tal episódio adquiriu na retórica cubana com os Estados Unidos em distintos momentos da duradoura trajetória de conflitos entre os dois países, sobretudo naqueles em que o regime buscava maior respaldo popular como mecanismo de legitimação interna. Finalmente, pretende-se discorrer sobre o posicionamento dos Pedros Pans na manutenção das políticas de hostilidade (de longa data) contra seu país de origem.