O BRUXO, A CLIO E O CÃO A Presença, a Função e o Significado da História na obra de Machado de Assis
Obra de Machado de Assis. História. Cinismo. Escrita da História. História da Historiografia Brasileira
A presente tese pretendeu investigar a relação de Machado de Assis com a História, em vista de sua significância para a História da Historiografia Brasileira. Para isso, comecei ressaltando o aspecto subjetivo e os limites da minha interpretação, que se caracteriza pela adoção de uma perspectiva que privilegia o conceito de transparência como recurso metodológico. Alicerçado em indícios presentes em toda a obra machadiana, procurei demonstrar que a História tem uma presença constante na vida e na obra do Bruxo do Cosme Velho, sendo que essa presença foi percebida e analisada de diferentes formas por muitos estudiosos de sua obra. Aliás, foram justamente essas interpretações divergentes somadas à percepção de um tratamento ambíguo – positivo/elogioso X negativo/injurioso – dispensado à História por parte de Machado que me fizeram refletir sobre a função e o significado da História em sua obra. E dessa reflexão, constatei que, entre as funções que a História desempenha na obra machadiana, a de promover o “distanciamento histórico” e, consequentemente, a relativização histórico-cultural, talvez, seja a mais importante, porque no desempenho dessa função ela serve como ferramenta heurística e de crítica. No que diz respeito ao significado da História na obra de Machado, defendi a ideia de que a presença ostensiva e constante da História na vida e na obra de Machado de Assis, caracterizada pelo seu uso pragmático, está intimamente relacionada à existência de uma visão de mundo cínica – adquirida a partir do trânsito de Machado pela História e pelo seu conhecimento dessa filosofia –, que caracteriza sua obra com aquele tom cético-pessimista e com aquela forma de expressão sério-jocosa, eminentemente irônica.