UMA HISTÓRIA PARA O MUNDO QUE NOS FOI ALIENADO: A CRÍTICA AO PENSAMENTO FILOSÓFICO E HISTÓRICO OCIDENTAL EM HANNAH ARENDT
Hannah Arendt; História; Despolitização.
Esta pesquisa propõe investigar a relação entre História e política dentro do pensamento de Hannah Arendt, principalmente o que ela quis dizer ao afirmar que a “História moderna está substituindo a política”. O pensamento arendtiano situa-se nas necessidades políticas de seu tempo, a emergência do que ela chamou de regimes Totalitários. Para explicar como as novas ditaduras puderam surgir, Arendt desenvolveu uma teoria histórica da modernidade enquanto “alienação do mundo”. O Totalitarismo só pudera florescer mediante um constante esvaziamento da esfera política e o alheamento dos agentes nas tomadas de decisão em uma comunidade. Mais que isso, Arendt argumenta que o tipo de História desenvolvida pela modernidade tem sua cota de responsabilidade nessa alienação e que, caso quiséssemos impedir as condições que possibilitam a emergência de ditaduras Totalitárias, deveríamos repensar o modo de fazer História. Essa crítica a História moderna é oriunda de sua crítica maior ao pensamento ocidental em geral e da Filosofia em particular. Nossa tese é de que Arendt defende um tipo de História em função de sua tese sobre a modernidade que se fundamenta, do ponto de vista teórico, no arcabouço unitário do pensamento ocidental e, do ponto de vista prático, da sociedade de massas. A História, para Arendt, propõe-se a unir meios e fins: para uma sociedade alienada do político, a história deve favorecer a “reconciliação com o mundo”. Defenderemos que Arendt não é contrária a participação social na política como algumas leituras fazem crer, mas é justamente o seu oposto. O que Arendt propõe é um tipo de História que favoreça uma responsabilidade pelo mundo no intuito de remediar a alienação do mundo.