Gênero, raça e transgressão: masculinidades negras no afro/black punk estadunidense (1978-2015)
Afro/black punk; masculinidades negras; interseccionalidades; música; identidade.
Esta tese analisa como as masculinidades negras foram produzidas, tensionadas e ressignificadas por meio da música afro/black punk estadunidense, entre os anos de 1978 e 2015. A investigação parte das contradições, sensibilidades e disputas simbólicas que atravessam esse campo contracultural em relação às representações e discursos sobre raça, gênero e sexualidade, considerando a música como um dispositivo central na constituição de subjetividades e na elaboração de práticas de resistência, transgressão e reinvenção das identidades de homens negros na esfera do punk. Fundamentada em um referencial teórico interdisciplinar, a pesquisa envolve estudos de gênero, raça e sexualidade em uma perspectiva interseccional, para historicizar os modos e processos de subjetivação das masculinidades negras na música e na contracultura punk nos Estados Unidos. Metodologicamente, o estudo baseou-se na análise textual e sonora de fonogramas, colocando esses aspectos em diálogo com registros visuais das capas de álbuns, iconografias, fotografias e entrevistas de grupos punks com integrantes afro-americanos em sua formação, bem como com a reflexão crítica advinda da experiência do pesquisador enquanto participante dessa cena. A análise e a historicização do afro/black punk estadunidense, entendido como forma de contestação e reinvenção identitária, evidenciaram os modos como homens negros performam, reconstroem, transgridem ou reafirmam os padrões normativos de raça, gênero e sexualidade difundidos pelo patriarcado supremacista branco capitalista estadunidense. O estudo contribui para o debate sobre identidades negras nas culturas juvenis e reconhece o punk como espaço de criação política, afetiva e epistêmica.