A DEFUNTA BELLE ÉPOQUE Os efeitos da epidemia da gripe espanhola nas representações literárias sobre a cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1918 a 1967
História do Brasil. Primeira República. Literatura. Gripe espanhola
Esta pesquisa tem como objeto as representações literárias da cidade do Rio de Janeiro antes, durante e após a gripe espanhola, surto epidêmico cujo ápice ocorreu entre setembro e novembro de 1918 no referido local. Pretende-se verificar em autobiografia, romance e, principalmente, nas crônicas literárias como os autores rememoram a crise sanitária na então capital do país e quais relações são estabelecidas entre a epidemia e a interrupção do projeto republicano da belle époque. Para tanto, buscar-se-á quais foram as representações construídas sobre a cidade abalada pelo surto epidêmico que provocou mudanças significativas na vida cotidiana dos que nela habitavam. Para isso far-se-á uma análise dos sentidos e significados atribuídos às mortes sem precedentes e ao primeiro carnaval pós-gripe, dois elementos recorrentes nas diversas fontes analisadas. Por meio das análises dos textos literários produzidos e publicados a partir da década de 1960, é possível verificar que os literatos constroem narrativas através de rememoração, de modo a (res)significar a gripe espanhola e os acontecimentos desencadeados pela mesma. Dessa forma, questiono, a partir de tais (res)significações postas no texto literário, como as transformações do espaço citadino no início do século XX se efetivaram na cidade do Rio de Janeiro. Com esse objetivo, analiso de que forma os autores utilizaram estratégias da linguagem poética para recontar um evento histórico e como os sentidos e significados de suas narrativas são atribuídos à vida e às transformações da cidade que teve seu projeto de modernização interrompido por uma epidemia.