Caldeirão da Santa Cruz do Deserto: o seu legado para os camponeses e análise da narrativa da imprensa cearense no seu processo de destruição
Caldeirão. Estado. Igreja. Jornalismo. Narrativa. Imprensa
Este trabalho analisa a representação do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto (1926-1936) pela imprensa cearense, especificamente pelos Jornais O Povo e O Estado e O Nordeste. O objetivo é verificar se esses veículos serviram como aporte ideológico para a destruição do Caldeirão. O Caldeirão foi um sítio localizado no sul do Estado do Ceará, formado por camponeses migrantes de estados diversos (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte). Sob a liderança de um beato negro, o Caldeirão prosperou de uma forma autossustentável, estabelecendo um modelo social distinto do capitalismo. Cedendo a pedidos de autoridades locais, O Estado do Ceará enviou forças policiais para destruirem o Caldeirão, sob a justificativa de que era um lugar de “fanatismo” e “comunismo”. A pesquisa também investiga como o Caldeirão da Santa Cruz se consolidou como um legado para a classe camponesa, apesar de ter sido alvo de silenciamento por anos. Esse legado é evidenciado pela relação do Caldeirão com Assentamento 10 de Abril e pelas romarias realizadas desde o ano 2000.