AS RARIDADES DE AUCOURT E PADILHA. O maravilhoso e a literatura fantástica em Portugal no século XVIII
Maravilha - Maravilhoso - Monstros - História de Portugal - Barroco - Século XVIII - Cultura Escrita
A curiosidade e busca por explicações de fenômenos pouco conhecidos é um traço presente em grande parte das sociedades. Durante a História humana, diversos pensadores, filósofos, estudiosos, religiosos e até mesmo as “pessoas comuns” se indagaram sobre elementos místicos, simbólicos e naturais daquilo que consideravam “maravilhoso”. O resultado disto é um número significativo, se não gigantesco, de registros tratando sobre o tema, nos quais se encontram obras escritas, imagens, gravuras e outros relatos de toda sorte, inspirados pelo sentimento misto de curiosidade, maravilha e até mesmo medo. No presente estudo, analisamos a obra As Raridades da Natureza e da Arte, Divididas pelos Quatro Elementos, publicada em 1759 sob autoria do fidalgo português Pedro Norberto Aucourt e Padilha. Em um contexto em que o reino lusitano enfrentava um processo de mudança no cenário intelectual e político, ao mesmo tempo que lidava com o impacto social e material do Terremoto de Lisboa de 1755. Este escritor, que previamente já tinha produzido outros escritos, buscou compilar alguns dos vários registros da cultura oral e escrita sobre monstros e maravilhas em uma obra extensa. Ao explorar as mais de 500 páginas do livro neste trabalho, demonstraremos não só as visões e discursos organizados e escritos pelo autor. Mas também entenderemos como o que a catástrofe de 1755, acompanhada de todo um contexto setecentista que favoreceu o estudo e a cultura escrita, proporcionaram um incremento no interesse dos portugueses em compreender não somente fenômenos ditos maravilhosos ou prodigiosos, mas a organização e funcionamento da natureza e do universo.