Subvertendo a branquitude: pedagogias de resistência antirracista no Punk estadunidense (1978-2010)
Punk. Modos de subjetivação. Letramento racial. Resistência. Antirracismo.
A pesquisa se concentra na análise de discursos e modos de subjetivação na música de grupos anarcho-punks e afro-punks estadunidenses que, entre os anos de 1978 a 2010, abordaram temáticas raciais em suas canções. Com o aporte teórico dos Estudos Étnicos e Raciais e dos Estudos Críticos da Branquitude, bem como de uma abordagem discursiva das representações, busca-se historicizar discursos em cujo cerne estão os temas da raça e do racismo, atentando para as formas pelas quais tais discursos funcionam como “pedagogias culturais” constitutivas de modos e processos de subjetivação (de construção de sujeitos) imersos no punk dentro do recorte espacial e temporal proposto. A análise do corpus da pesquisa, composto por obras fonográficas de bandas anarcho-punks e afro-punks, tem indicado que esses são subgêneros que articulam pedagogias punks antirracistas que catalisam processos de letramento racial e assinalam resistência aos “dispositivos de racialidade”, operando estratégias de transgressão/desconstrução da branquitude hegemônica que propiciam a autodeterminação negra no punk dos Estados Unidos da América. A partir dessas considerações, a pesquisa perfaz um itinerário que inclui, ainda, um olhar sobre as interpenetrações entre o antirracismo anarquista e a cultura punk na produção de subjetividades transgressoras da normatividade social de uma nação em que o supremacismo branco é componente estrutural.