“As Vitórias do Imperador Carlos V” e o triunfo na ideologia imperial da Casa de Áustria: uma série de 12 gravuras nos Países Baixos do século XVI
gravuras, triunfo, repertório imperial, Carlos V, rede de impressores, mecenato, censura, antiquarianismo
Foi realizada uma análise sobre a série de gravuras impressas As Vitórias do Imperador Carlos V. Desenhadas por Maarten Van Heemskerck e gravadas por Dirck Coornhert, foram três vezes publicadas em 1556, 1558 e 1563 pela casa de impressão da Antuérpia, Aux Quatre Vents, liderada por Hieronymus Cock. A série apresenta 12 dos triunfos atingidos por Carlos V durante seu reinado e é dedicada ao seu filho e sucessor nos Países Baixos, Felipe II. A pesquisa concluiu que as gravuras foram baseadas no repertório imperial de modo a construir o triunfo a partir de seis princípios: imperium, translatio imperii, Sacro Império Romano-Germânico, dinastia, guerra aos infiéis e cavalaria. Buscou-se construir o contexto no qual se substanciou a construção dos impressos partindo do pressuposto da produção coletiva e da interação individual dos componentes da rede de impressores com os sentidos movimentados pela série. Paralelamente, foi destacada a influência da censura, do mecenato e do antiquarianismo de esculturas e esboços de ruínas e edifícios de Roma na formação do espaço de produção das gravuras e em sua construção. Observou-se que a série se sintonizou com o gênero do triunfo na forma de um instrumento retórico baseado em uma representação modelar das vitórias carlistas que servisse tanto de exemplo ao seu sucessor quanto à afirmação do legado de seu reinado.