A Amazônia no Império do Brasil entre a ciência e o capital, relações exteriores
História da Amazônia, Amazônia no Império, Livre Navegação na Amazônia, Diplomacia Imperial, Barão do Rio Branco, As Fronteiras do Brasil, Imperialismo
A Amazônia brasileira é um construto multifacetado conformado ao longo de séculos. Se sua origem ocidental tem início na gênese da colonização lusa no Novo Mundo, o asseguramento de seus contornos geográficos hodiernos é produto de ações, não meticulosamente calculadas, em cadeia, que envolveu, para além do aparato político, diplomático e administrativo luso-brasileiro, o labor de inúmeros desbravadores que se dispuseram a arrefecer a curiosidade humana acerca da Floresta Amazônica. Durante o Império, sobretudo na década de 1850, inicia-se o empreendimento diplomático em busca da confirmação das lindes amazônicas a muito custo adquiridas ao longo dos séculos, mas que somente encontrariam término na República, na chancelaria Rio Branco (1902-1912). As controvérsias, todavia, não se encontrariam nas grandes porções territoriais adquiridas pelo eficiente espraiamento luso-brasileiro além-Tordesilhas, senão nas filigranas das divergências acerca das fronteiras entre o Império e, subsequentemente, República, e os países amazônicos, que, em bases históricas, conformaram-se. Concomitantemente, a Amazônia encontrar-se-ia, igualmente em meados do século XIX, com uma nova dotação de importância tanto para o Brasil quanto para o mundo. No pano de fundo do avanço imperialista e, a posteriori, neoimperialista, a Amazônia brasileira esteve no centro das aspirações, que foram muito além da sua histórica exegese geopolítica. O avanço do capital e da ciência globais sobre a região deu-se a passos largos a partir de 1850, forçando, em processo progressivamente ascendente, por diversos meios, a abertura da bacia à livre navegação, em 1866. Esta dissertação, portanto, se propõe a analisar a Amazônia no Império, buscando, por meio do estudo das relações internacionais do período, estudar o papel da ciência, do capital e da diplomacia no engendramento desse construto sociopolítico, econômico e cultural, que corresponde a quase 60% do território do Brasil.