Antifascismo; Feminismo; América Latina; Maria Lacerda de Moura; Paulina Luisi; Marta Vergara

A presente tese analisa o pensamento e a ação antifascista de três intelectuais e ativistas latino-americanas: Maria Lacerda de Moura (Brasil), Paulina Luisi (Uruguai) e Marta Vergara (Chile). Atuantes entre as décadas de 1920 e 1940, essas mulheres desenvolveram diferentes estratégias de resistência ao fascismo e conectaram suas lutas com a defesa dos direitos das mulheres, as críticas ao autoritarismo, ao clericalismo e ao patriarcado. A pesquisa busca compreender como essas mulheres interpretaram e enfrentaram o fascismo em seus respectivos países, quais redes de sociabilidade influenciaram suas trajetórias e de que forma suas atuações dialogavam com os debates antifascistas e feministas internacionais. A análise baseia-se no referencial teórico de Joan Scott e Denise Riley, que problematizam a noção de "mulheres" como um sujeito político fixo, permitindo questionar como o antifascismo feminino na América Latina não foi homogêneo, mas composto por diferentes abordagens e táticas. Além disso, a pesquisa estabelece um diálogo com as reflexões de Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, intelectuais marxistas que associaram a luta antifascista à emancipação feminina e ao combate ao capitalismo. A estrutura da tese está organizada em cinco capítulos. O primeiro apresenta um debate teórico sobre as origens do fascismo e sua incidência na América do Sul, analisando como a ascensão de regimes autoritários influenciou o Brasil, o Uruguai e o Chile. Os três capítulos seguintes investigam as trajetórias individuais de Maria Lacerda de Moura, Paulina Luisi e Marta Vergara, destacando suas principais contribuições para o antifascismo e o feminismo. O último capítulo realiza uma análise comparativa, evidenciando as convergências e divergências entre suas estratégias e discursos. Ao investigar essas trajetórias, a tese contribui para os estudos sobre a resistência ao fascismo na América Latina, ressaltando que as mulheres não foram apenas vítimas do autoritarismo, mas agentes ativas na sua contestação. Além disso, demonstra que o antifascismo latino-americano foi um campo de disputas políticas e de gênero, no qual as intelectuais analisadas desempenharam um papel central na construção de alternativas democráticas e igualitárias.