Como os acontecimentos se transformam em história? Metafísica da vida e epistemologia na obra tardia de Georg Simmel
Georg Simmel; Epistemologia; Vitalismo; Teoria da História; Filosofia da História
A dissertação investiga a natureza da teoria da história desenvolvida por Georg Simmel entre 1916 e 1918, período marcado por uma inflexão vitalista em sua filosofia. Embora a literatura especializada reconheça diferenças entre os escritos tardios e os trabalhos anteriores do autor, ainda persiste a interpretação de que, em sua fase final, Simmel teria abandonado preocupações epistemológicas. Contra essa leitura, a pesquisa sustenta que Simmel manteve o projeto de elaborar uma teoria da história como forma de conhecimento, agora integrada a uma metafísica da vida. A dissertação parte de uma análise estrutural e histórica dos textos tardios, considerando o contexto intelectual da época e a trajetória filosófica do autor. Mostra-se que, mesmo crítico ao neokantismo, Simmel não rompeu com seu “gesto crítico”, mas vitalizou suas categorias analíticas. O trabalho estrutura-se em duas partes: a primeira aborda a formação do pensamento vitalista simmeliano e sua relação com o relativismo filosófico; a segunda analisa sua crítica ao realismo histórico, a reavaliação da matriz neokantiana e o vínculo entre vida e conhecimento histórico nos ensaios finais. Conclui-se que a filosofia da história simmeliana não deve ser lida como mera ruptura, mas como uma reformulação profunda das bases epistemológicas de sua teoria, sob a influência da tradição da filosofia da vida.