Violências e desigualdades nas velhices: proposta de enfrentamento no Distrito Federal
Idadismo; Violência contra Pessoas Idosas; Políticas públicas; vulnerabilidade Social; Distrito Federal.
Envelhecer com dignidade é um direito que esta incluso nas políticas públicas das cidades e
estados brasileiros. É importante identificar os fatores que contribuem para as violências contra
as pessoas idosas, a fim de direcionar estratégias para reduzi-las. Os estereótipos relacionados
ao envelhecimento, chamados de idadismo, perpetuam a discriminação e naturalizam essas
violências. Portanto, é fundamental adotar abordagens reflexivas e educacionais para mudar a
percepção sobre essa população e envolver a sociedade e o Estado em suas responsabilidades
legais, assegurando a efetividade da legislação brasileira e das diretrizes internacionais sobre os
direitos e proteção das pessoas idosas. A pandemia de COVID-19 exacerbou as vulnerabilidades
sociais, econômicas e emocionais das pessoas idosas, tornando-as mais suscetíveis à violência e
agravos de saúde. Para garantir seus direitos e sua proteção, faz-se necessário considerar que as
interseccionalidades, como idade, gênero, raça e classe econômica, as quais corroboram para
aumentar o risco de exclusão social e de maior suscetibilidade dessa população às violências.
Nesse sentido, estratégias afirmativas de políticas públicas, como o projeto Renovação
Familiares, que oferece grupos reflexivos, para cuidadores e familiares, envolvidos em situação
de conflitos intergeracionais, negligências, violências e/ou situações de risco envolvendo pessoas
idosas, são ferramentas importantes para reduzir as desigualdades sociais, combater as
violências contra as pessoas idosas, mitigar os impactos do idadismo na sociedade, buscando a
responsabilização, a ressignificação acerca do processo do envelhecimento e das violências, por
meio de um espaço de cuidado e educação. Objetivo: O objetivo deste estudo é compreender as
contribuições do projeto Renovação Familiares, desenvolvido no segundo semestre de 2023, no
âmbito da Defensoria Pública no Distrito Federal, a fim de entender como ele pode auxiliar no
combate às violências contra as pessoas idosas. Método: O estudo adota abordagem mista, do
tipo transversal e de natureza analítica com utilização de base de dados primários. A pesquisa se
organiza em duas etapas, a primeira de revisão de literatura do tipo revisão de escopo com
apresentação do estado da arte sobre os estudos brasileiros e internacionais que discutem como
a manifestação das violências contra as pessoas idosas está sendo abordada, o aporte teórico
adotado e as formas de intervenção e enfrentamento às violências contra essa referida
população. A segunda etapa constitui-se de realização de entrevistas em profundidade na
perspectiva de história de vida, assim como questionários com perguntas de caráter sóciodemográfico e escalas de mensuração de idadismo e estereótipos acerca da pessoa idosa. Para
as entrevistas foram realizadas análises de conteúdo do tipo temáticas na perspectiva de Minayo
e para os questionários foram realizadas estatísticas descritivas e correlacionais com o auxílio do
SPSS. A pesquisa segue o referencial teórico do idadismo, que constitui uma forma de
preconceito e discriminação contra a pessoa idosa ressaltando suas características psicossociais.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências Humanas e
Sociais da Universidade de Brasília CAAE (n. 72945423.8.0000.5540). Resultados: O perfil dos
participantes em sua a maioria foi de sexo feminino (85,7%), solteiro (28,6%) ou casado (42,9%),
renda familiar aproximada em até cinco salários mínimos (71,5%) e que conviviam com uma pessoa idosa (57,1%). Eles demonstraram a compreensão que a violência contra a pessoa idosa
pode se manifestar de forma estrutural, verbal, física, financeira, moral, psicológica, por
abandono e negligência. O Projeto RenovAÇÃO Familiares desempenhou um papel crucial no
enfrentamento da violência contra pessoas idosas, promovendo grupos reflexivos para familiares
e cuidadores, que permitiram o reconhecimento das violências e a reavaliação de
comportamentos.