Envelhecimento e dependência química: um olhar sobre a trajetória de projetos de vida da pessoa idosa
Envelhecimento; Pessoa Idosa; Projetos de Vida; Dependência Química; Interseccionalidade.
O envelhecimento populacional no Brasil ocorre em ritmo acelerado, trazendo implicações significativas para a saúde pública, as políticas de cuidado e a garantia de direitos sociais. Nesse contexto, a dependência química na velhice permanece como fenômeno pouco explorado, apesar do aumento global do uso de substâncias psicoativas, especialmente álcool, medicamentos prescritos e drogas ilícitas, que afetam também a população idosa. A presente pesquisa tem como objetivo compreender as trajetórias de vida de pessoas idosas em contexto de uso de substâncias, com ênfase na relação entre envelhecimento, desigualdades interseccionais e construção de projetos de vida. Trata-se de um estudo qualitativo de caráter exploratório-descritivo, desenvolvido em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III (CAPS AD III) do Distrito Federal. A metodologia contempla duas etapas: (i) revisão de escopo da produção científica sobre envelhecimento e uso de substâncias; e (ii) pesquisa de campo baseada em entrevistas em profundidade com cerca de 12 participantes com idade igual ou superior a 50 anos. A análise dos dados será fundamentada na história oral, com apoio da análise temática, permitindo identificar padrões de significados e captar as dimensões subjetivas das narrativas. Espera-se que os resultados revelem de que maneira a experiência do envelhecimento e o uso de substâncias impactam os projetos de vida, bem como as estratégias de ressignificação e enfrentamento utilizadas pelos sujeitos. A investigação busca contribuir para o avanço do conhecimento no campo do envelhecimento, da saúde coletiva e da atenção psicossocial, oferecendo subsídios para práticas de cuidado mais humanizadas e sensíveis às vulnerabilidades interseccionais, orientadas à promoção da autonomia e da qualidade de vida das pessoas idosas.