Footprint Hidrotermal do Solobo Profundo, Província Mineral de Carajás
IOCG; footprint, alteração hidrotermal; cobre
Localizado no contexto da zona de Cisalhamento Cinzento, na porção norte da Província Carajás, o Salobo representa o maior depósito de cobre do Brasil. Denomina-se Salobo Profundo a região abaixo da cava final proposta para o depósito, onde foram efetuados furos exploratórios profundos que investigam um painel de ~700m de profundidade e 1800m de extensão. Dados petrográficos, hiperespectrais e geoquímicos de três furos de sondagem (~3000m) foram integrados no intuito de mapear a distribuição espacial, magnitude, características mineralógicas e geoquímicas dos processos hidrotermais desde as porções mais distais até a zona mineralizada. Os resultados derivados da petrografia indicam pelo menos quatro grupos de litotipos principais que abrangem rochas graníticas (granito, granodiorito, tonalito); rochas máficas (gabro e anfibolito), rochas hidrotermalmente alteradas (granada-grunerita xisto, biotita xisto, magnetitito e albitito) e rochas intrusivas mais jovens (granito Young Salobo e diques gabroicos). A extensa zona de alteração hidrotermal é caracterizada por albitização e silicificação no halo distal. O halo intermediário, sódico-cálcico a cálcico-férrico, é marcado pelo aumento na proporção de actinolita, biotita, clorita e pelo surgimento de granada. Significativo metassomatismo férrico (grunerita, granada, turmalina, biotita, magnetita ± faialita), alteração potássica-férrica (biotita ± granada, quartzo e magnetita, grunerita, turmalina) e o extremo da alteração férrica (magnetitito) definem o halo proximal. A mineralização cupro-aurífera é constituída principalmente por bornita e calcocita. Propilítização e albitização II caracterizam alterações pós-mineralização. Os parâmetros espectrais e a proporção mineralógica obtidos a partir do escaneamento hiperespectral realizado em alguns intervalos, possibilitaram mapear os principais minerais da paragênese de alteração com resolução centimétrica e evidenciaram a relação direta da abundância de granada com as zonas de alto teor de cobre, demonstrando a robustez da aplicação da técnica de espectroscopia na obtenção de informações mineralógicas. A análise dos dados geoquímicos permitiu destacar a associação de elementos relacionada aos principais litotipos, alteração e mineralização caracterizando de forma simplificada, uma zona central marcada pelo hidrotermalismo férrico com maiores teores de Cu, Au e Ag e nítido empobrecimento em Na, entre duas unidades dominantemente graníticas com teores relativamente altos de Na e moderados de Ca, Mg, Fe, Cr e V. Os dados geoquímicos e mineralógicos refletem as características de um sistema IOCG com a associação clássica de Fe, Cu ± Au, enriquecimento em Ag, Bi, Co, Mo, U, La, Ce e sugerem um controle da mineralização associado às zonas férricas.