Estudo do Manto Superior sob o Brasil com Tomografia Sísmica de Múltiplas Frequências Utilizando Inversão Conjunta de Resíduos Relativos e Anomalias de Amplitude.
Cráton do São Francisco; Bloco Paranapanema; Província Borborema;Cráton Amazônico;Bacia do Parnaíba; Sismicidade.
A Tomografia Sísmica de Múltiplas Frequências vem sendo aplicada para estudo do manto superior sob o Brasil com grande sucesso, substituindo a tradicional tomografia baseada na Teoria de Raio. Estudos anteriores se concentraram em regiões especificas, o Cráton Amazônico e a região das bacias do Paraná, Chaco e Pantanal, não fornecendo imagens completas de todo o Brasil. O objetivo deste trabalho consiste no estudo do manto superior sob todo o Brasil, invertendo resíduos de tempo para todas as 233 estações instaladas entre 2011 e 2022. Foram processados sismogramas para as fases P e PKIKP em seis frequências centrais (0.03, 0.06, 0.13, 0.25, 0.5, 1 Hz), com a base de dados final sendo composta por 82,358 resíduos relativos. Testes de resolução mostraram uma melhor resolução entre profundidades de 136 e 226 km. Tais teste simularam a presença de crátons e mostraram que o modelo possui boa capacidade de recuperar os limites horizontais das estruturas. No entanto, a resolução vertical é deficiente, com as anomalias apresentando alongamento além de suas profundidades originais. No modelo com dados reais observou-se a presença de anomalias de alta velocidade na região do Cráton Amazônico, não sendo possível diferenciar entre suas províncias geocronológicas pela falta de estações. Sob a Bacia do Parnaíba foram identificadas três anomalias de alta velocidade, interpretadas como os blocos de Granja e Parnaíba, e a outra mais ao norte como o Cráton São Luis, caracterizado por ser menos espesso, com a causa sendo o provável metassomatismo sofrido durante sua separação do Cráton Oeste Africano. A Província Borborema foi caracterizada como uma anomalia de baixa velocidade, havendo a possibilidade de uma pluma estar associada à uma forte anomalia negativa em seu centro. O Cráton do São Francisco foi relacionado a uma anomalia de alta velocidade, com seus limites apresentado certa correlação com trabalhos de tomografia anteriores. Foram observadas anomalias de alta velocidade sob a região das bacias do Paraná, Chaco e Pantanal, consistentes com a presença de três blocos cratônicos. O principal bloco sob a bacia do Paraná, o Bloco Paranapanema, apresenta separação do Cráton do São Francisco, ao norte. Seus limites parecem se estender mais ao sul que os obtidos por estudos anteriores. O Cráton do Rio Apa não se estendeu sob a porção norte da Bacia do Pantanal, como proposto por estudos anteriores. O Cráton Luiz Alves apresentou limites menores, mais concentrados ao sul, quando comparado a um estudo de tomografia anterior.