Tomografia sísmica do Brasil: interferometria a partir de ruído ambiental
Palavras-chave: Tomografia de ruído ambienta, estrutura crustal, cráton São Francisco, curvas dispersão.
Neste trabalho utilizamos os dados de estações sismográficas de diversos projetos que foram desenvolvidos entre os anos de 2000 e 2022, totalizando mais de 200 estações sismográficas com um volume de dados superior a 5 TB. Este dado foi processado para gerar modelos de tomografia de ruído ambiental que é uma técnica passiva para imageamento da crosta terrestre. O dado é processado considerando pares de estações que funcionaram no mesmo período, assim conseguimos calcular mais de 10000 caminhos de pares de estações para gerar o modelo tomográfico. Diversas rotinas de automação computacional foram criadas para realizar o processamento do significativo volume de dados. Os resultados obtidos foram divididos em duas áreas: 1) A região do Brasil, considerando uma visão mais regional, onde obteve-se apenas os mapas de velocidade para os períodos de 8 a 35 segundos permitindo uma avaliação lateral das diferentes velocidades nos grandes domínios tectônicos; 2) A região do Cráton São Francisco e seus arredores, onde além dos mapas de velocidade por período foi calculado um modelo de velocidade 3D a partir de inversão dos dados 1D alcançando uma profundidade de 60 km. Essa separação de áreas ocorreu devido a diferença de resolução encontrado nos resultados para o Brasil, isto ocorre devido a distribuição não uniforme de estações sismográficas no Brasil, não permitindo ainda a construção de um modelo crustal de velocidades 3D com resolução adequada, a região do cráton foi escolhida devido a uma maior densidade de estações naquele local. Nossos resultados imagearam os principais domínios tectônicos do Brasil delimitando-os lateralmente com anomalias de velocidade. As bacias sedimentares apresentam comportamentos de baixa velocidade as estimativas de profundidade das bacias do Paraná e Tucano/Jatobá são consistentes com outros estudos. As regiões cratônicas apresentaram as anomalias de maior velocidade, porém a região de Carajás/PA apresentou velocidades significativamente maiores do que as encontradas no bloco Arqueano/Paleoproterozoico do Cráton São Francisco. Também mostramos que o aulacógeno Paramirim apresenta uma assinatura de baixa velocidade com direção NW-SE ao longo até 31 km de profundidade. Na província Mantiqueira mostramos que a partir da profundidade de 31 km a região apresenta uma alta velocidade que pode ser associada a um afinamento crustal.