Imagem sísmica da crosta da parte norte do Cráton do São Francisco: aproximação por função do receptor, reflexão de alto ângulo e inversão CCP.
Cráton do São Francisco, Função do Receptor, Reflexão de Alto Ângulo, CCP.
Este trabalho apresenta modelo das propriedades médias (Vp, Vs, Hmoho) da crosta e imagem CCP da litosfera (crosta e parte superior do manto litosférico) da parte norte do Cráton do São Francisco obtidos a partir da integração de dados sismológicos de Função do Receptor (FR) e reflexões de alto ângulo na descontinuidade de Moho(rovičić) adquiridos ao longo de perfil W-E de aproximadamente 800 km de extensão (oeste de Luiz Eduardo MagalhãesRafael Jambeiro) cruzando os domínios da Bacia do São Francisco, do Aulacógeno do Paramirim e terminando sobre os terrenos arqueanos da parte leste do Cráton, envolvendo a Faixa Itabuna-Salvador-Curaçá. Ao longo desse trajeto foram instaladas quarenta estações sismográficas triaxiais de período curto que funcionaram de forma contínua por seis meses e realizado levantamento de refração sísmica a partir da instalação de 320 sensores verticais e realização de 13 explosões controladas. A modelagem das reflexões PmP e SmS e a inversão CCP dos dados de FR mostram crosta com espessura padrão (40-42 km) e Vp 6,47 km/s-Vp/Vs 1,73-1,77 sobre a Bacia do São Francisco e crosta afinada (~36 km) com Vp 6,38 km/s-Vp/Vs 1,74 no domínio arqueano. Esses dois blocos estão suturados na região do aulacógeno, onde a crosta está espessada (> 50 km) e apresenta raiz interpretada como de paleosutura. Aparentemente o aulacógeno se instalou sobre uma zona de sutura paleoproterozoica. A anisotropia determinada pelos dados de FR mostram que a implantação do Oceano Atlântico Sul no Cretáceo (~135 Ma) gerou ajuste rúptil na parte rasa do domínio Urucuia (quebrando a crosta de cima pra baixo) e afetou expressivamente a litosfera do domínio arqueano da Faixa Itabuna-Salvador-Curaçá, descratonizando essa região.