A força sem força do livro: dimensões materiais e criação do Espaço Direitos Humanos da Biblioteca Central da Universidade de Brasília
Livro. Materialidade. Teoria Ator-Rede. Direitos Humanos. Biblioteca universitária.
Em 04 de outubro de 2018 a Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE/UnB) publicou uma nota informando a danificação proposital de livros do seu acervo sobre os direitos humanos. Essa situação biblioclasta gerou diversas repercussões e culminou na criação do Espaço Direitos Humanos da BCE/UnB. Partindo do pressuposto de que a força do livro, na tradição fisicista da ciência da informação, tem se imposto na área por meio de um tipo de “argumento de autoridade” – e valorizado o estudo do livro somente como “suporte de informação registrada” ou “registro” –, argumenta-se que concepções alternativas na área, como a neodocumentação, têm construído a “autoridade do argumento” sobre a existência de outras dimensões do livro “para além da informação”. Sendo assim, objetiva-se demonstrar a força sem força da multidimensionalidade da materialidade do livro mediante a análise da rede que culminou na criação do Espaço Direitos Humanos da BCE/UnB. Para tanto, foi realizada revisão de literatura sobre a materialidade do livro, e empregado, como recurso heurístico, a Teoria Ator-Rede (TAR), para analisar a rede em questão, contando, ainda, com a entrevista semiestruturada junto a atores que estiveram inseridos nesse contexto. Os resultados apontam que o livro é um ator não-humano, um híbrido. Sua força sem força é expressa na multidimensionalidade de sua materialidade. Possíveis dimensões do livro são propostas, e os agenciamentos da rede corroboram a força sem força do livro, bem como explicitam os modos pelos quais os atores humanos e não-humanos fazem o social.