Banca de QUALIFICAÇÃO: Cassio Murilo Alves Costa Filho

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Cassio Murilo Alves Costa Filho
DATA : 18/05/2023
HORA: 15:00
LOCAL: PPGCINF/FCI
TÍTULO:

Entre o ser moderno e o devir contemporâneo: implicações das dimensões espaço e tempo na (re)configuração teórica e metodológica da Arquivologia

PALAVRAS-CHAVES:

 Espaço. Tempo. Modernidade. Contemporaneidade.

PÁGINAS: 250
RESUMO:

A pesquisa investiga como o discurso da Modernidade, sobretudo sua noção espaço-temporal, está incutido na Arquivologia, e busca sistematizar subsídios teóricos que apontem para a formulação de regras compatíveis com a dinâmica complexa da contemporaneidade. O trabalho está estruturado em duas partes: a primeira identifica no processo de configuração teórica e metodológica da Arquivologia preceitos atinentes ao modelo de ciência e de visão de mundo inerentes à Modernidade, busca reconhecer indícios da noção de espaço e tempo moderna nos discursos legitimadores da Arquivologia e analisa de que modo esses reverberam no delineamento de seus fundamentos basilares;a segunda analisa o panorama complexo da contemporaneidade de modo a assimilar suas configurações espaço-temporais, com o intuito de identificar referenciaisque permitam a reinterpretação de metanarrativas e fundamentos da Arquivologia, a fim de contribuir para a formulação de regras congruentes ao novo jogo. A metodologia empregada é de natureza teórica, com abordagem qualitativa e de caráter exploratório-descritivo. Os procedimentos metodológicos utilizados são levantamento, revisão e análise bibliográficos. O desenho teórico-metodológico está estruturado a partir da proposta da história cruzada, que possibilita a análise das fontes bibliográficas à luz de um referencial teórico composto pelas perspectivas arqueológica, hermenêutica e epistemológica. A pesquisa verifica que a modernidade inaugura um campo discursivo comumacerca do espaço e do tempo e que o Estado e a ciência figuram como fundamentais na instauração do projeto moderno. Constata que o conhecimento arquivístico tem suas raízes na burocracia estatal e que a ciência moderna imprime no discurso da Arquivologia características próprias. Conclui que os fundamentos da Arquivologia são guiados pelo ideal de verdade moderno, baseiam-se no método científico e no racionalismo cartesiano, bem como recebem influências diretas da metodologia das ciências naturais. Verifica que a noção espacial moderna é baseada na objetividade, verossimilhança e imparcialidade, que promovem um padrão dominante de representação apoiado em medidas quantificáveis e formas geométricas. No âmbito da Arquivologia, o espaço atua como um fator determinante para a institucionalização dos documentos, sendoa custódia um requisito fundamental para a conferência de autenticidade aos documentos de arquivo. A noção de temporalidade é erigida pela concepção de um tempo universal, absoluto, unidirecional e irreversível, que flui em um curso uniforme e ininterrupto, de modo homogêneo e linear.Impressões da noção de temporalidade moderna se inscrevem tacitamente no discurso arquivístico, destacando-sea compreensão do presente e do passado, bem como suas relações com o conceito de memória, e a utilização de metáforas biológicas para o desenvolvimento de modelos de gestão de documentos. Na contemporaneidade, o mundo atual apresenta uma complexidade que desafia os pressupostos teóricos e epistemológicos consolidados durante o período moderno. A pesquisa verifica que essas mudanças exigem uma revisão da visão tradicional de ciência e Estado, bem como da compreensão tradicional de espaço e tempo. A noção de espaço é substituída por uma concepção mais fluida e dinâmica. Da mesma forma, a noção de tempo é influenciada pela sensação de aceleração e fragmentação produzida pelo ciberespaço.Nesse contexto, a pesquisa busca fornecer subsídios teóricos necessários à sistematização de novas regras que sejam compatíveis com a dinâmica complexa da contemporaneidade. Para isso, são eleitos como referenciais a noção de multiverso arquivístico, os conceitos de autonomia arquivística e arquivos participativos, as abordagens de proveniência múltipla e paralela e a noção de ambientes distribuídos.A pesquisa conclui que é possível formular regras compatíveis com a dinâmica complexa da contemporaneidade desde que considerados referenciais aderentes à perspectiva contemporânea de espaço e tempo.

MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1077415 - DALTON LOPES MARTINS
Externo à Instituição - PAULO ROBERTO ELIAN DOS SANTOS - FIOCRUZ
Presidente - 1122756 - RENATO TARCISO BARBOSA DE SOUSA
Interno - 1354348 - ROGERIO HENRIQUE DE ARAUJO JUNIOR