Caracterização psicofísica da percepção de ilusões visuais em pessoas com esquizofrenia
Percepção, ilusão geométrica.
Ilusões visuais têm sido utilizadas como ferramentas de teste psicofísico na investigação dos déficits de processamento visual associados a diversas desordens. Neste estudo caracterizamos a percepção de pacientes esquizofrênicos em comparação com indivíduos neurotípicos, através da interpretação subjetiva das Ilusões de Müller-Lyer e Hollow-Mask. Os objetivos incluem avaliar a suscetibilidade dos grupos a diferentes ilusões, destacar possíveis déficits cognitivos associados à esquizofrenia, correlacionar respostas à ilusão Hollow-Mask com os medicamentos utilizados no tratamento, e explorar o potencial uso das ilusões visuais como auxílio no diagnóstico do transtorno. Análises estatísticas revelaram uma diferença significativa na suscetibilidade dos pacientes esquizofrênicos à ilusão de Müller-Lyer, em comparação ao grupo controle, sugerindo uma percepção alterada no julgamento visuoespacial desses indivíduos. A avaliação da suscetibilidade também foi testada para diferentes ângulos de apresentação da ilusão de Müller-Lyer, revelando uma relação inversa entre a susceptibilidade e o ângulo de abertura. Esses resultados abrem a possibilidade de que ângulos mais fechados representam uma melhor forma de diferenciar participantes esquizofrênicos dos controles. Os resultados para a ilusão Hollow-Mask divergiram do que é descrito na literatura, pois não foi encontrada diferença significativa na suscetibilidade entre os grupos. No entanto, foi possível associar o uso de Olanzapina à resistência à ilusão da máscara. Conclui-se que a interpretação de ambas as ilusões é influenciada por processamentos perceptuais e cognitivos, e que a esquizofrenia possivelmente interfere nos mecanismos de integração desses processos de alto nível, reforçando o potencial diagnóstico das ilusões visuais na identificação de disfunções cognitivas presentes no transtorno.