O Uso de Protocolo Assistencial Utilizando o Cálculo da Potência Mecânica Pulmonar em Pacientes Adultos Críticos de Unidade de Emergência
Potência Mecânica, Ventilação Mecânica, Mortalidade, Morbidade, Protocolo, Emergência.
Introdução: A Potência Mecânica Pulmonar (PMP) foi interpretada como a força aplicada pelo ventilador para deslocar um volume de ar dentro dos pulmões deformando o epitélio e o endotélio celular, por unidade de tempo, expressa dimensionalmente em Joules por segundo (J/s) ou Joules por minuto (J/min). Essa força aplicada gera energia, e o grau de transferência energética pode levar ao dano direto da membrana capilar alveolar e a mecanotransdução, além de ser dependente dos parâmetros ventilatórios ajustados à beira leito. A PMP é um indicador de Lesão Pulmonar Induzida por Ventilador (VILI) que apresenta uma forte correlação com o risco de mortalidade, e por isso, a importância de desenvolver estratégias de ventilação mais protetoras para os pacientes com insuficiência respiratória aguda (IRA). Portanto, o objetivo desta pesquisa é propor um modelo de protocolo assistencial baseado na análise da PMP como estratégia na redução da morbi-mortalidade de pacientes adultos críticos ventilados mecanicamente e atendidos em unidades de emergência (DE) pública do Distrito Federal. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática (RS) realizada através do protocolo PRISMA-P, registrado no PROSPERO (CRD42024581331) e com as buscas realizadas em 20 de janeiro de 2024 nas bases de dados: (i) para literatura científica - BVS (BIREME e LILACS), CINAHL (EBSCO), Cochrane Library, Embase, IEEEXplore, PEDro, PubMed/MEDLINE, SciELO, ScienceDirect, Scopus e Web of Science e; (ii) para literatura cinzenta - BMC/ISRCTNregistry, ClinicalTrials, European Union Clinical Trials Register, ICTRP - International Clinical Trials Registry Platform, PACTR - Pan African Clinical Trail Registry e ReBEC. Resultados e Discussão: Foram encontrados 10 ensaios clínicos randomizados (ECR) envolvendo um total de 568 pacientes em ventilação mecânica (VM), com maioria (n=392, 69%) atendidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Todos os ECR apresentavam limitações importantes no desenvolvimento, 50% deles receberam financiamentos e 60% eram do tipo cluster. A análise dos ECR foi realizada por pares através do software Rayyan, de forma independente, com porcentagem de concordância geral entre os revisores de 95,65% - Kappa Marginal Livre de 0,91 [0,85-0,97], IC95%. Com relação aos defechos de morbi-mortalidade, (n=4, 40%) apresentaram dados diretos de mortalidade em 28 dias de VM piores para o grupo onde a PMP era mais alta, assim como o tempo de duração da VM e o tempo de internação pós-operatória para o mesmo grupo. Um ECR mostrou dados importantes sobre a ultra-proteção pulmonar - maior mortalidade em 60 dias -, concluindo que uma redução significativa na PMP, também, é prejudicial. Na análise do limite de segurança da PMP observou-se que a maioria (n=6, 60%) informam este dado, sendo que (n=4, 40%) destes apresentam PMP limite >17,0 J/min, (n=1, 10%) PMP limite ≥12,0 J/min e (n=1, 10%) PMP entre 17,0 e 20,0 J/min. Todos os ECR utilizaram equações para este cálculo, havendo concordância que no modo ciclado a volume (VCV) as equações que melhor traduzem a PMP são as de Gattinoni e colaboradores (2016) e, no modo ciclado a pressão (PCV) as de Becher e colaboradores (2019). Observou-se que os estudos com essa temática iniciaram a partir de 2016 com a definição de PMP e com as equações propostas por Gattinoni e colaboradores. Todos os ECR foram analisados quanto ao risco de viés e qualidade metodológica pela ferramenta RoB2.0 apresentando no geral um risco moderado. Esta é a primeira RS que analisa em conjunto esses ECR e traduz essa importância para o DE, onde a implementação de um protocolo de PMP é importante e estará associada a melhorias na prestação da assistência em VM ao paciente crítico e, por consequência, em seus resultados clínicos. Sabe-se que há uma ligação temporal entre o gerenciamento do ventilador no período inicial da IRA e o desenvolvimento de complicações subsequentes, assim a adesão precoce de uma ventilação otimizada pode melhorar o resultado. A RS ainda não está concluída e segue em fase de metanálise através da plataforma RevMan 5.4. Posteriormente, seguirá com a elaboração de um modelo de protocolo assistencial em forma de fluxograma para prática clínica do DE adulto. Porém, apesar do andamento da RS, esta se mantém em conformidade com o AMSTAR 2 - ferramenta de avaliação crítica para RS de ECR – em 13 questões de 16 elecandas até o momento, o que a torna importante para a sociedade científica que pesquisa esta temática. Conclusão: A PMP constitui um parâmetro ventilatório importante para pacientes adultos em VM por estar associado ao risco de morte e a morbidades em setores de urgência e emergência. Este cálculo à beira leito tem sido dificultado devido as extensas equações propostas até o momento. Não há protocolos propostos e/ou RS que analisem esses ECR e os traduzam para uma aplicação no setor de emergência. Pode-se identificar poucos estudos clínicos aleatorizados que abordam a temática, e, portanto, são necessários mais ECR prospectivos robustos voltados a aplicação prática da PMP na clínica do paciente.