ANÁLISE DOS EFEITOS MODULADORES DA NEUROVESPINA SOBRE PARÂMETROS ELETROCARDIOGRÁFICOS EM CAMUNDONGOS
Peptídeo sintético, epilepsia, eletrocardiograma, ECG, arritmias, cardioproteção.
A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico que afeta milhões de pessoas globalmente, frequentemente associado a complicações cardiovasculares, como arritmias, devido à hiperexcitabilidade neuronal e disfunção autonômica. A Neurovespina, um peptídeo sintético derivado da peçonha da vespa Polybia occidentalis, demonstrou propriedades anticonvulsivantes e potencial modulador de canais de cálcio tipo L, sugerindo possíveis benefícios cardiovasculares. Este estudo investigou os efeitos da Neurovespina em parâmetros eletrocardiográficos de camundongos saudáveis, comparando-os com controles tratados com salina e diazepam, sob condições basais e após indução arrítmica com dobutamina e cafeína. Foram utilizados camundongos Swiss machos (n=9), distribuídos aleatoriamente em grupos tratados com salina, diazepam (controle positivo), Neurovespina (4 mg/kg e 40 mg/kg). Os animais foram submetidos a registros eletrocardiográficos (ECG) antes e após a administração dos tratamentos, seguidos por indução arrítmica. Os parâmetros analisados incluíram frequência cardíaca, intervalos RR, QT, QTc, PR, complexo QRS e segmento TP, além da taxa de sobrevivência. Os resultados revelaram que a Neurovespina (4 mg/kg) apresentou 100% de sobrevivência, enquanto o diazepam registrou a maior mortalidade (34%). Os grupos tratados com Neurovespina mantiveram estabilidade nos parâmetros eletrocardiográficos após a indução arrítmica, sem alterações significativas na frequência cardíaca, intervalos RR ou QTc. Em contraste, o grupo diazepam exibiu aumento da frequência cardíaca e redução do intervalo RR, indicando hiperatividade simpática. Além disso, a Neurovespina não afetou a condução atrioventricular (intervalo PR) ou a despolarização ventricular (complexo QRS), sugerindo um perfil seguro e potencialmente cardioprotetor. Por fim, em conjunto, os achados deste estudo trazem evidências de que a Neurovespina, particularmente na dose de 4 mg/kg, possui efeitos estabilizadores na eletrofisiologia cardíaca, atenuando respostas arrítmicas induzidas por estresse adrenérgico. Tais resultados destacam o potencial deste peptídeo como agente duplo, combinando propriedades anticonvulsivantes e cardioprotetoras, embora estudos futuros em modelos epilépticos e com análises moleculares sejam necessários para elucidar seus mecanismos de ação e validar sua aplicabilidade clínica.