A produção da juventude por jovens privados de liberdade: um estudo comparativo nos sistemas socioeducativo e prisional do Distrito Federal
juventude; violência; sistema socioeducativo; sistema prisional; pesquisa qualitativa; método documentário
A presente pesquisa doutoral, vinculada ao Programa de PósGraduação em Educação da Universidade de Brasília e desenvolvida no Grupo de Pesquisa Gerações e Juventude (Geraju), teve como objetivo compreender como jovens entre 18 e 21 anos, privados de liberdade nos sistemas socioeducativo e prisional do Distrito Federal, produzem a juventude, considerando de que modo as marcas da violência se inscrevem em suas trajetórias. Fundamentada na Sociologia do Conhecimento Praxiológico e no Método Documentário de Interpretação, a investigação inscreve-se no campo da pesquisa qualitativa reconstrutiva, tomando como ponto de partida as práticas e orientações coletivas emergentes das falas dos jovens. O material empírico foi produzido entre 2022 e 2024, por meio de observação participante, grupos de discussão e entrevistas narrativas realizadas em unidades dos dois sistemas. Os espaços de experiências conjuntivas constituem o eixo estruturante da análise, orientada pela compreensão da juventude como condição relacional, processual e situada, atravessada por marcas de pertencimento, desigualdade e violência. As orientações coletivas evidenciam os espaços sociais – família e quebrada – como territórios simbólicos e materiais de produção da juventude, marcados por tensões entre afeto e ruptura, pertencimento e exclusão. Nos espaços institucionais – escola e sistemas de privação de liberdade –, a escola é documentada como lugar de exclusão e disciplinamento, e a privação de liberdade, como extensão punitiva da desigualdade social e racial. A análise reconstrói modos de produção da juventude – choque, adaptação, ruptura e disputa – em contextos atravessados por violências estruturais, institucionais e simbólicas.