Educação em sexualidades de adolescentes com deficiência intelectual: uma abordagem históricocultural
Deficiência Intelectual; Adolescência; Educação em Sexualidade; Teoria Histórico-Cultural; Educação Inclusiva.
A produção de conhecimento sobre educação em sexualidades de adolescentes com deficiência intelectual ainda é escassa no Brasil. O que se percebe e a compreensão de que a sexualidade dessas pessoas é atípica: ora inexpressiva, ora incivilizada. As expressões do afeto e da sexualidade desse público são marcadas pelo descredito social e representadas por alegorias que os colocam como sujeitos assexuados ou hipersexuados. No Brasil contemporâneo existem entraves (de ordem pedagógica e política) em questões que envolvem o ensino da educação em sexualidades nas escolas, que transita entre a marginalidade e a total ausência. Essa questão se agudiza quando se trata de programas de ensino estruturado em educação em sexualidades para alunos com deficiência. Se no ensino regular essas iniciativas são raras e tímidas, no ensino especial ou inclusivo essa temática é negligenciada em todos os aspectos. A vida de uma pessoa com deficiência é marcada pelo lugar de pouco acesso às dinâmicas que podem expandir suas experiências (consigo e com o mundo) e alargar suas vivências (afetivas, sexuais, corporais etc.). Portanto, ao se negar uma educação em sexualidades, renuncia-se a efetivação de um conhecimento necessário à vida. A partir dessa problemática apresentamos como tese a defesa de que os pressupostos da Teoria Histórico-Cultural de L. S. Vigotski possibilitam a proposição de uma educação em sexualidades que abarque as especificidades psicológicas de adolescentes com deficiência intelectual e viabilize a expressão autônoma, livre e consciente de seus afetos e desejos. Por meio de uma discussão teórica apoiada na produção científica da Teoria Histórico-Cultural e do Marxismo demonstramos que o acesso a uma educação em sexualidades empobrecida precariza o desenvolvimento de adolescentes com deficiência intelectual e exacerba as vulnerabilidades e evidenciamos que os formatos de educação em sexualidades ofertado para esse público, em maioria, se baseiam em princípios reformistas que pouco concorrem para uma vivência emancipada e livre da sexualidade. A construção teórica enveredada nesta tese nos permite afirmar que a herança científica de Vigotski possibilita a composição de uma educação em sexualidades para adolescentes com deficiência intelectual que caminhe rumo a emancipação e ao controle consciente da conduta. Isto só será possível em um formato de educação que considere os mecanismos compensatórios e que tenha por objetivo a conquista do pensamento por conceitos atrelados a uma forma nova de sociabilidade baseada na vivência coletiva e colaborativa.