Otakus e Kpoppers: cartografando jovens escritores em fandoms
cartografia, juventude, aprendizagem informal, fanfics, estudo de fãs
Esta cartografia investigou processos de criação literária de jovens que se tornam escritores durante a convivência em comunidades digitais de fãs (fandoms), conhecidos entre eles como otakus, admiradores de conteúdos culturais advindos do Japão, e kpoppers ou kapopeiros, apreciadores da cultura do entretenimento da Coreia do Sul denominada k-pop. Fui tocada pelo modelo de produção desse tipo de histórias por conter alguns elementos textuais diferentes do modo de elaboração da escrita institucionalizada na escola brasileira, assim como me chamou atenção o crescimento da circulação de conteúdo cultural produzido no extremo oriente, especialmente desdobrados em ficções de fãs (fanfics), histórias elaboradas a partir de uma obra original. Defendi que esses processos de criatividade são porteiras abertas para a curiosidade e o inusitado, fatores que compelem à busca por mais conhecimentos e, no campo da educação, possíveis mesmo de romper com concepções que percebem o jovem como um vir a ser adulto, para as quais não cabe o trabalho pedagógico com a fantasia durante a aprendizagem da juventude. Entre os resultados encontrados, foi possível detectar que as fabulações são criadas principalmente como táticas para a ampliação de relações pessoais e de ajuda mútua, sendo incomum encontrar registros de conflitos e desavenças nas interações pesquisadas, posturas corriqueiras que vão modelando um outro tipo de convivência e de ética coletiva, com potência para, quem sabe, repercutir na vida fora dos fandoms.