PLÁGIO E PESQUISA NA INTERNET: DO CONTEÚDO DOS LIVROS DIDÁTICOS ÀS PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO
Palavras-chave: Plágio cibernético. Pesquisa na internet. Livro didático. Ensino público.
Resumo
A explosão das tecnologias informacionais e comunicacionais intensificou e escancarou os problemas relacionados ao plágio, ao ciberplágio e à cópia indevida de conteúdo em trabalhos intelectuais, mas o conhecimento da gênese da desonestidade intelectual ainda persevera. Este estudo investiga qual tratamento os livros didáticos do ensino médio, utilizados por professores e alunos da rede pública de ensino de todo o Brasil, dão ao plágio; a abordagem do tema no edital normativo de produção dos livros didáticos e nos projetos político-pedagógicos de cinco escolas de ensino médio; bem como a compreensão de 18 estudantes dessa etapa educacional no Distrito Federal. O referencial teórico sobre plágio e ciberplágio está engendrado em Cavanillas (2008); Comas Forgas e Sureda Negre (2007); Díaz Arce (2017); Diniz e Terra (2014); Ebardo (2018); Gallent Torres e Tello Fons (2021); e Krokocz (2012). A metodologia de pesquisa está ancorada na análise de conteúdo temático-categorial, segundo as diretrizes de Bardin (2011). O silêncio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático, do edital normativo de produção dos livros didáticos, dos projetos político-pedagógicos e dos professores sobre o plágio redunda em permissividade da cultura da cópia e, consequentemente, do plágio em estágios mais avançados do processo acadêmico, criando uma espécie de ressonância mórfica em relação à cultura da cópia que, com os avanços científico-tecnológicos, resultam em ciberplagiarismo. Esse tratamento isolado, mais enfático a partir da graduação, desconsidera a história, a causa e os antecessores processuais na pesquisa e na escrita, e isso pode estar entre os elementos permissivos da reprodução da desonestidade intelectual. Falta, portanto, ensino pluricultural, multiletrado e multissemiotizado aos estudantes, no quesito plágio e na apropriação das informações disponibilizadas nas infovias. Se dois dos mais importantes mediadores responsáveis pelo ensino (livros didáticos e escolas) relegam o plágio a um plano secundário, nublam-se, assim, as fronteiras da retidão e da ética, e os estudantes podem ter prejuízos cognitivos quando se apropriam do conhecimento oriundo da internet, incorrendo no risco de serem relegados a uma massa acrítica. Mesmo tendo noção do que é o plágio, os estudantes não conseguem identificar situações específicas que o configuram. O professor tem papel de fundamental importância no processo formativo, ético e moral dos estudantes, e a inobservância relativa ao plágio redunda em danificação quanto à construção autoral, pois o silenciamento de livros e escolas pode disfarçar o copiar e colar da internet como banal e inofensivo. É imperativo socioeducacional fortalecer os laços entre a apropriação do conhecimento e a eticidade.
Palavras-chave: Plágio cibernético. Pesquisa na internet. Livro didático. Ensino público.