Fé na Educação. Projeto de Poder Evangélico e as políticas educacionais
Bancada evangélica; Educação; Neoconservadorismo; Análise de Discurso Crítica; Teologia do Domínio.
A tese analisa os discursos da bancada evangélica do Congresso Nacional em suas proposições legislativas educacionais apresentadas entre 2015 e 2022, com o objetivo de identificar a influência da Teologia do Domínio, da Teologia da Prosperidade e da Teologia da Batalha Espiritual. A intenção é investigar como esses discursos estão associados a um projeto de poder neoconservador e fundamentalista para a educação. A pesquisa categorizou tais proposições a partir do conceito de linhas de força e utilizou, como referencial teórico-metodológico, a Análise do Discurso Crítica, na perspectiva dialético-relacional de Norman Fairclough. Tal abordagem permitiu evidenciar as estratégias discursivas e ideológicas utilizadas para configurar as políticas educacionais de acordo com os princípios morais e religiosos dos/as evangélicos/as. Constatamos que, a partir do entrelaçamento de discursos que integram referências bíblicas e teológicas juntamente com argumentos jurídicos e pseudocientíficos, constroem-se narrativas que buscam limitar a pluralidade de pensamento e a liberdade de cátedra. Para a educação, a bancada evangélica defende, além de uma base meritocrática fundamentada no reforço da ordem e da disciplina, a Educação Domiciliar, a inclusão do criacionismo, da educação moral e cívica e do empreendedorismo no currículo, além da punição para docentes que discutem temas contrários às convicções familiares. Observamos uma articulação nítida entre a ofensiva evangélica na educação e a ascensão de movimentos conservadores em nível global. A pesquisa contribui para o debate sobre a intersecção entre religião e política, evidenciando como as narrativas religiosas têm influenciado decisões legislativas que afetam a escola, o país e a democracia.