JOVENS E SUAS TERRITORIALIDADES NA CIDADE DE FORMOSA-GO: “O CENTRO TAMBÉM É NOSSO”
Cidade. Espaço urbano. Jovens. Territorialidades
Esta tese investiga as territorialidades juvenis na cidade de Formosa-GO, tomando como foco as práticas espaciais dos jovens que se apropriam de espaços públicos urbanos, especialmente no centro da cidade, por meio de manifestações culturais como o skate, o grafite e as batalhas de rima, práticas essas que não se limitam ao simples uso do espaço, mas que o ressignificam, criando territórios de pertencimento, identidade e resistência, numa perspectiva em que a cidade deixa de ser um espaço dado para se tornar espaço vivido e disputado. O objetivo que orientou a pesquisa foi compreender como esses jovens constroem suas territorialidades a partir das práticas cotidianas que transformam o espaço urbano em território de disputa simbólica, enfrentando processos de exclusão e afirmando formas próprias de existência e convivência. A metodologia adotada foi qualitativa, com base na observação participante, nas entrevistas semiestruturadas e nas rodas de conversa, que possibilitaram captar as narrativas e as experiências dos jovens em seus modos de ocupar e transformar a cidade. A análise foi realizada por meio da Análise Temática, estruturada em quatro categorias que sintetizam os principais achados: a primeira, que evidenciou como as práticas espaciais e a interação urbana transformam praças, decks e mobiliários urbanos em espaços de convivência e produção cultural, reconfigurando simbolicamente o centro da cidade e afirmando ali a presença juvenil; a segunda, que revelou as barreiras, os conflitos e os processos de exclusão que limitam a apropriação desses espaços, expressos na repressão, no preconceito e na ausência de políticas públicas capazes de garantir o direito à cidade; a terceira, que destacou as expressões culturais juvenis como formas potentes de resistência e de afirmação política, permitindo que os jovens reivindiquem a cidade como espaço legítimo de sua existência e ocupem territórios historicamente marcados pela exclusão; e a quarta, que revelou a construção de identidades e de reconhecimentos coletivos, evidenciada na formação de vínculos comunitários e na consolidação de redes de solidariedade que sustentam a afirmação pública das culturas populares. Os resultados demonstram que as práticas juvenis em Formosa constituem formas legítimas de produção de território, de resistência e de transformação urbana, e que, ao questionarem as dinâmicas excludentes que marcam a cidade, apontam também para a possibilidade de sua reinvenção, afirmando a presença dos jovens como sujeitos políticos e culturais, protagonistas de processos que reconfiguram e redimensionam os usos e os sentidos do espaço urbano.