Elementos para uma qualificação da ideia de inconsciente na obra de Milton H. Erickson a partir da filosofia de Charles S. Peirce
Hipnose de Erickson; Inconsciente; Semiótica; Filosofia de Peirce
Esta investigação visa qualificar o conceito de inconsciente presente na obra de Milton H. Erickson a partir da filosofia de Charles S. Peirce. O primeiro autor foi um psiquiatra norte-americano do século XX que contribuiu de forma inovadora no campo da hipnose clínica; o segundo foi um polímata do século XIX, também norte-americano, conhecido como o precursor do pragmatismo. A justificativa para essa pesquisa se deve ao consenso que alguns autores estabelecem de que, apesar de o inconsciente ser considerado um pressuposto fundamental da clínica ericksoniana, ele ainda não foi desenvolvido conceitualmente, o que torna a compreensão da lógica subjacente ao trabalho de Erickson um desafio. Assim, a obra peirciana se mostra como um referencial pertinente para essa empreitada, tanto pelo berço cultural comum de ambos os autores, como pela influência que o psiquiatra teve do pragmatismo estadunidense. Para realizar essa aproximação, serão descritos alguns relatos de Erickson sobre a ideia de inconsciente. Depois serão apresentadas algumas ideias de Peirce sobre a natureza inconsciente do self para, em seguida, analisar as formas de consciência proposta por Peirce e, por fim, discutir as relações dessas ideias com base em uma vinheta de caso clínico de Erickson. Infere-se que o inconsciente é tanto uma forma de percepção implícita, quando um acumulado de aprendizados advindas da experiência. A percepção implícita pertence ao campo da consciência de primeiridade (primisense), com sua sensibilidade face às qualidades; as experiências que motivam os aprendizados envolvem uma consciência de alteridade (altersense) e os próprios aprendizados acumulados estão relacionados à consciência de terceiridade (medisense), que estaria voltada a produção de mediadores ou representações que criem novos caminhos de inteligibilidade. Essa tríade forma um único sistema que representa o continuum entre a face explicita (consciente) e implícita (inconsciente) do nosso self